Violência: mulheres negras com pouca renda convivem com agressores



São Paulo, 08 de março de 2023 – A violência contra mulheres é um problema sistêmico e grave no Brasil, mas seus impactos se agravam exponencialmente para mulheres negras de baixa renda. Uma pesquisa recente, cujos dados foram divulgados pela Carta Capital, evidencia a preocupante realidade dessas mulheres, que convivem diariamente com a ameaça e a experiência da violência doméstica, muitas vezes sem acesso a recursos e amparo suficientes.

O estudo, embora não especifique a metodologia utilizada nem o tamanho da amostra, revela dados alarmantes. Mulheres negras de baixa renda são as que mais sofrem com a violência praticada por seus parceiros ou ex-parceiros. A pesquisa aponta que essas mulheres vivenciam diversos tipos de violência, incluindo física, psicológica, sexual e patrimonial. A dimensão da violência psicológica, em particular, merece destaque, impactando profundamente a saúde mental dessas vítimas. A pesquisa destaca também a dificuldade de acesso à justiça e aos serviços de proteção, fatores que agravam a situação de vulnerabilidade.

A falta de recursos financeiros, muitas vezes atrelada à precariedade de moradia e à informalidade do trabalho, impossibilita essas mulheres de se afastarem dos agressores com segurança e independência. A dependência econômica do parceiro violento se configura como um dos principais fatores que as mantêm em situação de risco. Além disso, a pesquisa indica a existência de uma interseccionalidade de violências, com o racismo estrutural intensificando a vulnerabilidade dessas mulheres. A combinação de racismo, misogínia e pobreza cria uma barreira quase intransponível para que elas busquem ajuda e consigam se libertar do ciclo de violência.

A pesquisa sublinha a urgência de políticas públicas eficazes e integradas, que contemplem as especificidades da realidade das mulheres negras de baixa renda. É fundamental garantir o acesso à justiça, à saúde, à moradia e ao trabalho digno, como medidas para quebrar o ciclo de violência e proporcionar a essas mulheres a possibilidade de uma vida livre de agressões e opressão. A falta de proteção e o desamparo estatal contribuem para a perpetuação de um ciclo de violência que precisa ser interrompido. A pesquisa serve como um alerta para a necessidade de um enfrentamento mais contundente e efetivo da violência doméstica no Brasil, com foco nas populações mais vulneráveis.

Em conclusão, os dados apresentados pela pesquisa reforçam a necessidade de ações urgentes e efetivas para combater a violência contra as mulheres negras de baixa renda no Brasil. A interseção de racismo, misogínia e pobreza configura um cenário de extrema vulnerabilidade que exige a implementação de políticas públicas específicas e a mobilização da sociedade para garantir a proteção e os direitos dessas mulheres. Somente com um esforço conjunto e políticas públicas mais eficazes será possível interromper esse ciclo de violência e construir um futuro mais justo e igualitário.

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