Uma em cada seis moradoras da Maré fez um aborto até os 40 anos, aponta pesquisa da Redes da Maré
Abordagem sobre aborto em comunidades do Rio mostra desafios e realidades complexas
Uma pesquisa inédita realizada no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, revelou dados importantes sobre a percepção e a experiência com o aborto entre as mulheres que residem na comunidade. O estudo, realizado pela Fiocruz, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ouviu 450 mulheres, entre 18 e 49 anos, entre os meses de . Os resultados, divulgados no dia , mostram que a grande maioria das entrevistadas, , acredita que a mulher tem o direito de decidir sobre seu corpo e sobre a interrupção da gravidez.
Entretanto, o acesso à informação sobre métodos contraceptivos e a prática do aborto ainda são desafios. das entrevistadas afirmaram não ter conhecimento sobre métodos contraceptivos e disseram não saber onde procurar informações sobre aborto. O estudo também revelou que das mulheres já realizaram um aborto, sendo que delas tiveram que recorrer a métodos inseguros, como a utilização de medicamentos sem acompanhamento médico.
A pesquisadora da Fiocruz, , destaca que os dados da pesquisa evidenciam a necessidade de ações de saúde pública voltadas para a comunidade, com foco na educação sexual e na garantia de acesso à informação e aos métodos contraceptivos. “As mulheres que residem em comunidades como a Maré enfrentam barreiras adicionais para o acesso aos serviços de saúde, o que torna ainda mais urgente a necessidade de políticas públicas que garantam o direito à saúde reprodutiva”, afirma a pesquisadora.
A pesquisa também aponta para a importância do debate sobre a legalização do aborto no Brasil. Segundo a , da UFRJ, “os dados da pesquisa demonstram que a criminalização do aborto não impede que ele aconteça, mas sim que ele seja realizado em condições precárias, colocando em risco a saúde das mulheres”. A pesquisa reforça a necessidade de um debate público sobre a descriminalização do aborto, com o objetivo de garantir o acesso à saúde reprodutiva e a segurança das mulheres.