Tensão e aplausos marcam congresso de psicodélicos no Rio



Tensão e Aplausos Marcam Congresso de Psicodélicos no Rio

O II Congresso Brasileiro de Psicodélicos, realizado no Rio de Janeiro entre os dias 28 e 30 de julho, foi marcado por um clima de expectativa e debate acalorado. Cerca de 700 pessoas, incluindo pesquisadores, profissionais de saúde e ativistas, participaram do evento, que discutiu os usos terapêuticos e sociais de substâncias psicodélicas como a ayahuasca, o LSD e a psilocibina.

A abertura do congresso contou com a presença de nomes de peso como o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, que apresentou uma palestra sobre a relação entre a ayahuasca e o xamanismo, e a médica Dra. Ana Maria de Oliveira, que abordou a utilização da ayahuasca no tratamento de doenças como o alcoolismo e a depressão.

A programação do evento englobou palestras, mesas redondas e workshops sobre temas como a legislação sobre drogas, os impactos psicológicos e sociais do uso de psicodélicos, e a aplicação dessas substâncias em tratamentos de saúde mental.

O debate sobre a legalização do uso medicinal de psicodélicos foi um dos pontos mais acalorados do congresso. A médica Dra. Carla Crippa, uma das principais defensoras da descriminalização da ayahuasca no Brasil, afirmou que “a proibição da ayahuasca não tem base científica e impede o acesso a um tratamento eficaz para diversas doenças”. A Dra. Crippa defende que a legalização da ayahuasca e de outras substâncias psicodélicas trará benefícios para a saúde pública, além de permitir o desenvolvimento de pesquisas mais aprofundadas sobre seus efeitos.

A médica Dra. Maria Lucia de Souza, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, apresentou dados de um estudo realizado com pacientes com depressão resistente a tratamentos convencionais, que mostrou resultados positivos após a utilização da psilocibina em terapia assistida.

Apesar da grande quantidade de informações e da participação de renomados especialistas, alguns participantes do congresso criticaram a falta de representatividade de grupos minorizados no evento, bem como a ausência de um debate mais profundo sobre os riscos e potenciais problemas relacionados ao uso de psicodélicos.

O II Congresso Brasileiro de Psicodélicos terminou com a sensação de que o debate sobre os usos terapêuticos e sociais de substâncias psicodélicas está em constante evolução, com cada vez mais pesquisas e estudos sendo realizados, e com uma crescente busca por alternativas para o tratamento de doenças mentais e sociais.

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