Tem pão, sim senhora!
Tem pão, sim, senhora: aumento da produção de alimentos no Brasil desafia a fome
– Apesar do cenário de alta dos preços dos alimentos e da persistente desigualdade social, dados recentes apontam para um aumento significativo na produção agrícola brasileira, desafiando a narrativa de escassez e alimentando o debate sobre o acesso à alimentação. A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, por exemplo, atingiu um recorde histórico em 2022, superando em 2,3% a produção do ano anterior, segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse crescimento, contudo, não se traduz automaticamente em garantia de segurança alimentar para toda a população.
O aumento da produção, que inclui um crescimento de 10,5% na produção de arroz e de 7,3% na de milho, ilustra a capacidade produtiva do país. No entanto, a concentração de terras e a complexa dinâmica de distribuição de alimentos impõem barreiras significativas para que essa abundância chegue à mesa de todos os brasileiros. A disparidade regional também é um fator crucial a ser considerado, com algumas áreas apresentando maior vulnerabilidade à insegurança alimentar. A pesquisa do IBGE destaca, ainda, o crescimento de 4,1% na produção de soja, um produto essencial para a economia nacional, mas também fortemente vinculado ao agronegócio e aos seus impactos socioambientais.
A realidade da produção de alimentos no Brasil é paradoxal. Enquanto a produção de grãos bate recordes, milhões de brasileiros ainda enfrentam a fome. A questão, portanto, não se limita à disponibilidade de alimentos, mas sim à complexa teia de fatores sociais, econômicos e políticos que determinam o acesso a uma alimentação adequada. A concentração da riqueza, a falta de políticas públicas eficazes e a fragilidade de sistemas de distribuição comprometem o alcance da segurança alimentar, mesmo diante de uma produção robusta.
A discussão sobre políticas públicas para garantir o acesso à alimentação, portanto, se torna premente. Aumentar a produção é apenas parte da solução. A necessidade de investimentos em infraestrutura, programas de transferência de renda e políticas de combate à desigualdade são fundamentais para garantir que o “tem pão, sim, senhora” se torne uma realidade para todos os brasileiros, independentemente da sua região ou classe social. O desafio é transformar a abundância em acessibilidade, assegurando que o aumento da produção se traduza em uma efetiva melhoria da segurança alimentar para toda a população.