Sob Tarcísio, polícias de São Paulo matam um adolescente a cada nove dias
São Paulo, 28 de julho de 2023 – Sob o governo de Tarcísio de Freitas, a letalidade policial em São Paulo atingiu níveis alarmantes, com um adolescente sendo morto a cada nove dias em média, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP). A constatação, revelada por levantamento da Carta Capital, aponta para uma preocupante escalada da violência letal praticada por agentes de segurança contra jovens no estado.
O estudo analisou os dados oficiais da SSP-SP, referentes aos primeiros seis meses do ano de 2023. Neste período, foram registrados 20 adolescentes mortos em decorrência de intervenções policiais. Considerando os 180 dias compreendidos entre janeiro e junho, a média aponta para um caso a cada nove dias. Este número representa um cenário sombrio e exige uma análise profunda das práticas policiais e das políticas de segurança pública implementadas no estado.
A SSP-SP, em sua resposta à reportagem, atribuiu a alta taxa de letalidade a um aumento no número de apreensões de armas de fogo e de drogas. A secretaria argumenta que essa intensificação das ações policiais resultou em confrontos com criminosos, justificando, portanto, o número de mortes. No entanto, a justificativa não diminui a gravidade do problema, principalmente considerando-se que se trata de adolescentes, um grupo populacional especialmente vulnerável à violência policial.
O levantamento também destaca que, comparando com os dados de 2022, houve um crescimento de 18,8% no número de mortes de adolescentes em decorrência de intervenções policiais. A disparidade entre o discurso oficial de combate à criminalidade e a realidade dos números levanta sérias preocupações sobre a eficácia e a humanização das ações da polícia paulista. A falta de transparência e de mecanismos efetivos de investigação independente sobre as mortes de adolescentes por policiais também contribui para o sentimento de impunidade e reforça a necessidade de uma apuração rigorosa dos casos.
A situação exige uma reflexão urgente sobre a política de segurança pública em vigor em São Paulo. É fundamental investigar a fundo as circunstâncias de cada morte, garantindo a responsabilização dos agentes envolvidos em casos de abuso de poder e excesso de força. A prioridade deve ser a proteção da vida e a garantia dos direitos humanos, especialmente dos adolescentes, que são um grupo de risco em um contexto de violência policial exacerbada. A implementação de programas sociais e de policiamento comunitário, que privilegiem a prevenção e o diálogo, se mostra como uma alternativa fundamental para reduzir a letalidade policial e construir um futuro mais seguro para os jovens paulistas.