Sem apontar culpados, sindicância vê erros sistemáticos em caso de órgãos infectados com HIV no Rio



Relatório aponta erros sistemáticos em caso de órgãos infectados com HIV no Rio de Janeiro

– Uma sindicância concluída pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) revelou a existência de erros sistemáticos na cadeia de transplantes de órgãos que levaram à infecção de pacientes com HIV. O documento, divulgado nesta sexta-feira, 21 de julho, não aponta culpados individualmente, mas destaca falhas graves nos procedimentos e na comunicação entre os envolvidos no processo. A investigação foi aberta após a constatação da infecção de dois receptores de órgãos com o vírus HIV, após transplantes realizados em hospitais estaduais.

O relatório da sindicância destaca, entre as falhas mais preocupantes, a ausência de um sistema eficaz de rastreio de doenças transmissíveis em doadores. A investigação identificou que os testes sorológicos para detecção de HIV não foram realizados de acordo com os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Além disso, a comunicação entre os profissionais de saúde envolvidos no processo – desde a coleta dos órgãos até o transplante – se mostrou ineficiente, comprometendo a segurança dos pacientes. Outro ponto crítico foi a falta de rastreabilidade adequada dos órgãos doados, dificultando a identificação precisa da origem da contaminação.

A sindicância apontou ainda a necessidade de aprimoramento dos protocolos de segurança e de capacitação dos profissionais que atuam na área de transplantes de órgãos. A Secretaria de Estado de Saúde se comprometeu a implementar as recomendações do relatório para evitar que novas situações como esta se repitam. Embora o número exato de pacientes afetados não seja especificado no relatório, a infecção de pelo menos dois receptores com o HIV acendeu um alerta sobre a gravidade das falhas encontradas. O documento salienta que o objetivo principal não é punir indivíduos, mas sim corrigir os erros sistêmicos e fortalecer os mecanismos de segurança em todo o processo de transplante no estado.

A SES-RJ afirma que já iniciou a implementação de medidas corretivas, incluindo a revisão de protocolos, a intensificação da capacitação profissional e a melhoria da comunicação entre as unidades envolvidas nos procedimentos de transplante. A secretaria também ressaltou o compromisso com a transparência e a prestação de contas à população sobre as ações tomadas para garantir a segurança dos pacientes. O caso, no entanto, deixa em evidência a fragilidade do sistema de saúde pública no estado do Rio de Janeiro e a necessidade urgente de investimentos em infraestrutura e capacitação para garantir a segurança dos pacientes submetidos a procedimentos médicos complexos como o transplante de órgãos.

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