Quem deve ser a única representante do Brasil na posse de Maduro
A polêmica da representação brasileira na posse de Maduro: um embate entre Lula e o Congresso
Brasília, 02 de janeiro de 2023 – A posse de Nicolás Maduro como presidente da Venezuela, ocorrida no dia 10 de janeiro, acendeu um debate acalorado no Brasil sobre quem deveria representar o país no evento. A ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, justificada por compromissos internos, levantou a questão da escolha do representante oficial, gerando um impasse entre o governo e o Congresso Nacional.
A controvérsia reside na decisão do governo Lula de enviar apenas a embaixadora do Brasil na Venezuela, Mary Benevides, como representante oficial. Esta escolha singular gerou desconforto entre parlamentares brasileiros de diversas correntes políticas, que defendem uma delegação mais ampla, refletindo a diversidade do Congresso Nacional. A Casa Civil, órgão do governo federal, comunicou sua decisão e manteve a postura de enviar apenas a embaixadora.
Deputados de partidos como o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, criticaram veementemente a decisão, alegando que a ausência de representantes do Legislativo em um evento de tamanha importância internacional demonstra uma falta de respeito à soberania do Congresso. A percepção de certos congressistas é que a escolha da embaixadora isola a representação brasileira, minimizando a importância do Poder Legislativo nas relações internacionais.
A argumentação do governo, ainda que não explicitada de forma detalhada na comunicação oficial, parece basear-se na premissa de que a embaixadora, como representante diplomática permanente, é a figura ideal para representar o Brasil em um ato oficial como a posse presidencial. A ausência de Lula, justificada pela agenda interna, reforça essa linha de raciocínio para a Casa Civil.
No entanto, a reação do Congresso demonstra uma clara insatisfação com a forma unilateral como a decisão foi tomada, evidenciando uma tensão latente entre os poderes Executivo e Legislativo, mesmo com o início de um novo governo. A questão levanta debates sobre o papel e a representatividade dos diferentes poderes na definição da política externa brasileira.
Em suma, a escolha da embaixadora Mary Benevides como única representante brasileira na posse de Maduro gerou uma crise de representação, expondo divergências entre o governo e o Congresso Nacional e ressaltando a complexidade das relações internacionais brasileiras no início do mandato de Lula. O episódio deixa em aberto a questão da articulação entre os poderes na condução da política externa, um tema que certamente continuará a ser debatido nas próximas semanas e meses.