Produtores rurais do Mercosul reagem à decisão do Carrefour de parar de comprar carne do bloco: ‘atitude protecionista e equivocada’



– A decisão do Carrefour de suspender a compra de carne do Mercosul pegou produtores rurais de surpresa e gerou preocupação na região. A gigante francesa de varejo justificou a medida alegando problemas de rastreabilidade e sustentabilidade na cadeia de produção, impactando diretamente os criadores de gado de países como Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A notícia, divulgada nesta quinta-feira, abalou o mercado e levantou questionamentos sobre o futuro das exportações de carne do bloco.

O impacto da decisão ainda não é totalmente mensurável, mas a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) já se manifestou, demonstrando preocupação com a possibilidade de perdas significativas para o setor. Embora o Carrefour não tenha especificado o volume de carne deixado de ser comprado, a CNA ressaltou a importância do mercado europeu para os produtores do Mercosul, destacando o Carrefour como um grande comprador na região. A suspensão das compras, portanto, representa um revés considerável para as exportações, principalmente para o Brasil, que é o maior fornecedor de carne bovina para o bloco.

A questão da rastreabilidade e sustentabilidade, apontada pelo Carrefour como justificativa para a suspensão, coloca em evidência os desafios enfrentados pelos produtores rurais do Mercosul na adoção de práticas mais sustentáveis e na implementação de sistemas de rastreio eficientes. A exigência por maior transparência e rastreabilidade na cadeia de produção vem crescendo globalmente, pressionando os produtores a se adaptarem às novas demandas do mercado. A CNA afirmou que está buscando diálogo com o Carrefour para entender melhor os critérios utilizados na avaliação da sustentabilidade e rastreabilidade e buscar soluções que permitam a retomada das compras.

A decisão do Carrefour também acende um alerta sobre a necessidade de uma maior integração e padronização de normas ambientais e de rastreio dentro do Mercosul. A falta de harmonização nessas áreas pode dificultar a competitividade do bloco no mercado internacional, deixando-o vulnerável a decisões unilaterais de grandes empresas, como a tomada pela varejista francesa. As próximas semanas serão cruciais para avaliar o impacto total da decisão e as medidas que serão tomadas pelos governos e produtores para mitigar as perdas e garantir a estabilidade do setor.

A decisão do Carrefour de interromper as compras de carne do Mercosul expõe as fragilidades do bloco em relação à sustentabilidade e rastreabilidade da produção agropecuária. A situação exige uma resposta conjunta de governos, produtores e empresas para garantir a competitividade do Mercosul no mercado global e evitar impactos ainda mais significativos no setor. A busca por um diálogo com o Carrefour e a implementação de políticas que promovam a sustentabilidade e a rastreabilidade se tornam, portanto, imprescindíveis.

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