Presidente destituído da Coreia do Sul resiste a prestar depoimento em processo por decretar lei marcial



Seul, 16 de dezembro de 2024 – Chun Doo-hwan, ex-presidente da Coreia do Sul, continua a resistir a prestar depoimento no processo que o acusa de decretar a lei marcial em 1979. A recusa do ex-líder militar, de 91 anos, a comparecer perante o tribunal demonstra a tensão persistente em torno de um dos períodos mais conturbados da história recente do país.

O processo, que se arrasta há meses, centra-se na decisão de Chun Doo-hwan de impor a lei marcial em meio a uma onda de protestos populares e instabilidade política. A promotoria alega que o decreto, que resultou em severas restrições aos direitos civis e em uma violenta repressão às manifestações, foi ilegal e constitui um crime grave contra o povo sul-coreano. As acusações incluem abuso de poder e violações dos direitos humanos.

A defesa de Chun Doo-hwan argumenta que o decreto de lei marcial foi uma medida necessária para conter o caos e manter a ordem nacional em um momento de crise. No entanto, as alegações de violência excessiva e repressão brutal por parte das forças de segurança durante o período da lei marcial são amplamente documentadas e permanecem uma ferida aberta na memória coletiva do país.

Apesar de sua idade avançada e de seu estado de saúde, a promotoria insiste na importância do depoimento de Chun Doo-hwan para a elucidação dos fatos. A resistência do ex-presidente, no entanto, pode atrasar o processo e comprometer a busca da justiça para as vítimas das ações tomadas durante o regime militar. A próxima etapa do processo ainda não foi definida pelo tribunal, mas a expectativa é de novas tentativas para obter o depoimento do ex-presidente, mesmo sob o argumento de sua fragilidade física.

O caso de Chun Doo-hwan continua a gerar debates acalorados na Coreia do Sul, ressaltando a necessidade de confrontar o passado e de buscar a reconciliação nacional, mesmo diante da resistência de figuras-chave envolvidas em eventos históricos controversos. A decisão final do tribunal poderá ter profundas implicações para a narrativa histórica do país e para a busca de justiça por parte das vítimas das atrocidades cometidas durante o regime militar.

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