Por que a polícia não consegue prender ex-presidente coreano acusado de golpe
A teia de impunidade: Por que a polícia sul-coreana não consegue prender Lee Jae-yong, acusado de golpe?
Seul, 3 de janeiro de 2025 – A elite empresarial sul-coreana e a complexa teia de influência política estão dificultando a prisão de Lee Jae-yong, vice-presidente do conglomerado Samsung, acusado de orquestrar um golpe para assumir o controle da empresa. Apesar da gravidade das acusações e da extensa investigação, a polícia sul-coreana enfrenta obstáculos significativos na tentativa de prendê-lo. A dificuldade em garantir a prisão de Lee, figura central no cenário econômico do país, levanta questionamentos sobre a eficácia do sistema judicial sul-coreano em lidar com casos de corrupção envolvendo figuras poderosas.
A investigação, que teve início em 2020, aponta para uma série de irregularidades e manobras financeiras que teriam beneficiado Lee Jae-yong e culminado na sua ascensão ao comando da Samsung. As acusações incluem violação de leis de mercado de capitais, apropriação indébita e gestão fraudulenta. Embora o Ministério Público tenha solicitado a prisão preventiva de Lee diversas vezes, o sistema judicial tem reiteradamente negado os pedidos.
Um dos principais entraves é a complexa estrutura da Samsung, um conglomerado com imenso poder econômico e político na Coreia do Sul. A empresa possui amplas ramificações em diversos setores, gerando um considerável número de empregos e contribuindo significativamente para a economia nacional. A pressão econômica e política decorrente de uma eventual prisão de Lee se torna um fator inibidor para as autoridades. Além disso, a influência política da família Lee, que se estende por décadas, constrói uma rede de proteção que dificulta ações judiciais efetivas.
Outro fator relevante é a própria legislação sul-coreana, considerada por alguns especialistas como pouco eficiente no combate à corrupção em altas esferas. As leis, apesar de existir, muitas vezes se mostram ineficazes diante da capacidade de grandes conglomerados de explorar brechas e contornar os processos judiciais. A lentidão do processo legal também contribui para o prolongamento da impunidade.
A impossibilidade de prender Lee Jae-yong, apesar das fortes evidências apresentadas contra ele, lança um sombra sobre a justiça sul-coreana e a capacidade do país de combater a corrupção sistêmica em seus grandes conglomerados. A saga judicial de Lee representa um exemplo concreto da influência do poder econômico e político sobre o sistema legal e a persistente dificuldade de responsabilizar os poderosos. O caso continua em aberto, deixando a população sul-coreana dividida entre a busca pela justiça e a realidade de um sistema judicial aparentemente permeável à influência de grandes corporações.