PM provoca tensão em velório de criança de 4 anos no litoral de São Paulo
PM provoca tensão em velório de criança de 4 anos no litoral paulista
A tarde de domingo, 26 de fevereiro, que deveria ser de luto e despedida para a família de Miguel, de apenas 4 anos, em Itanhaém, litoral paulista, se tornou ainda mais difícil após um tenso confronto com a Polícia Militar. O velório do menino, que morreu após ser atropelado por um carro na última sexta-feira, 24 de fevereiro, foi interrompido pela presença de policiais, que chegaram ao local para averiguar uma denúncia anônima de perturbação do sossego.
Segundo relatos de familiares e vizinhos presentes, o velório acontecia em um salão comunitário, com música ambiente em volume baixo e a presença de cerca de 30 pessoas, a maioria amigos e parentes próximos da família. O barulho, no entanto, incomodou um morador da região, que acionou a polícia.
A chegada dos policiais gerou grande tensão entre os presentes, que se sentiram constrangidos e indignados com a situação. “Eles chegaram com muita agressividade, falando alto e apontando armas para a gente”, relatou uma tia de Miguel, que preferiu não se identificar.
“Estávamos apenas nos despedindo do nosso filho, do nosso irmão. Não havia nenhuma festa ou algazarra. É revoltante ver que a polícia prioriza o sossego de um desconhecido em detrimento da dor de uma família”, desabafou a mãe de Miguel, visivelmente abalada com o ocorrido.
Após a chegada dos policiais, a música foi desligada e o velório permaneceu em silêncio por um tempo. Em seguida, as autoridades conversaram com os familiares e os convenceram a diminuir o volume da música, alegando que a denúncia era procedente.
O caso gerou revolta entre os moradores da região, que consideram a ação da polícia descabida e insensível. “É inadmissível que a polícia interrompa um velório por uma denúncia anônima, sem ao menos verificar se realmente havia uma perturbação do sossego”, afirmou um morador da região, que também não quis se identificar.
A Polícia Militar, por sua vez, justificou a presença dos policiais no velório alegando que a denúncia foi verificada e que a música estava em volume alto. “A equipe da PM atendeu à denúncia de perturbação do sossego. Chegando ao local, constatou-se que o som estava realmente alto, o que incomodava os moradores. A equipe orientou os presentes a diminuírem o volume e a situação foi resolvida de forma pacífica”, informou a corporação em nota.
O caso evidencia a necessidade de um diálogo mais amplo sobre a atuação da polícia em situações de luto e a importância de se respeitar o momento de dor vivido pelas famílias.