Peixes desaparecem de rio após construção de hidrelétricas no AM, revela pesquisa
Manaus, 15 de janeiro de 2025 – Uma pesquisa recente revelou o preocupante desaparecimento de espécies de peixes no Rio Madeira, no Amazonas, após a construção de hidrelétricas na região. O estudo, ainda sem publicação em revista científica, aponta uma redução significativa na diversidade e abundância de peixes em trechos do rio impactados pelas usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau.
De acordo com os pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a construção das hidrelétricas acarretou em mudanças drásticas no ambiente aquático. A alteração do fluxo natural do rio, a formação de reservatórios e a fragmentação do habitat são apontadas como os principais fatores responsáveis pela diminuição da população de peixes.
A pesquisa, realizada entre 2018 e 2022, analisou 27 espécies de peixes em sete diferentes trechos do Rio Madeira. Os resultados indicam uma queda de até 60% na abundância de algumas espécies nos trechos afetados pelas hidrelétricas, em comparação com trechos de controle, localizados fora da área de influência das usinas. A redução mais significativa foi observada em espécies migratórias, que dependem de um fluxo contínuo do rio para reprodução e alimentação.
Entre as espécies mais afetadas, destacam-se os peixes de maior porte, como o pacu e o dourado, que são importantes para a pesca comercial e a subsistência das comunidades ribeirinhas. A redução destas espécies impacta diretamente a economia local e a segurança alimentar da população que vive às margens do rio. A pesquisa ainda ressalta que a perda da biodiversidade aquática pode ter consequências de longo prazo para o ecossistema do Rio Madeira.
Os pesquisadores defendem a necessidade de medidas mitigadoras para minimizar os impactos das hidrelétricas sobre a ictiofauna do Rio Madeira. Propostas como a construção de passagens de peixes e a implementação de programas de monitoramento contínuo da biodiversidade aquática são consideradas essenciais para a conservação das espécies e a sustentabilidade da região. Os resultados do estudo serão apresentados em congressos científicos e servirão de base para futuras ações de gestão ambiental na região. A expectativa é que os dados contribuam para uma revisão dos impactos ambientais das grandes obras e a busca por soluções mais eficazes para a preservação da fauna aquática.