‘Paradoxo do colesterol’: por que algumas pessoas com índices altos vivem mais?
O Paradoxo do Colesterol: Altos níveis nem sempre significam vida mais curta
– A relação entre colesterol alto e longevidade sempre foi considerada direta: níveis elevados implicavam em maior risco cardiovascular e, consequentemente, menor expectativa de vida. No entanto, um novo estudo desafia essa compreensão, revelando um intrigante paradoxo: algumas pessoas com índices de colesterol considerados altos vivem mais do que a média. A pesquisa, ainda em desenvolvimento, levanta questões importantes sobre a complexidade da saúde cardiovascular e a necessidade de uma abordagem mais individualizada no tratamento.
O estudo, ainda sem publicação em revista científica, é conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e analisou dados de um grande banco de informações. A pesquisa observou que cerca de 10% dos participantes com níveis de colesterol LDL (o “colesterol ruim”) acima de 160mg/dL viveram mais de 85 anos. Ainda mais surpreendente, alguns indivíduos com níveis acima de 200mg/dL também ultrapassaram essa marca de longevidade.
Para os pesquisadores, esses resultados sugerem que outros fatores, além dos níveis de colesterol, desempenham um papel crucial na determinação da saúde cardiovascular e na expectativa de vida. A genética, estilo de vida, dieta, exercícios físicos e outros fatores de risco, como pressão arterial e diabetes, podem influenciar significativamente a saúde, mesmo em presença de altos níveis de colesterol.
O estudo ressalta a importância de se considerar o indivíduo como um todo, em vez de se focar apenas em um único biomarcador, como o colesterol. A Dra. Maria Eduarda de Azevedo, coordenadora da pesquisa, alerta que os resultados não devem ser interpretados como uma justificativa para negligenciar o controle do colesterol. “Níveis elevados de LDL permanecem um fator de risco para doenças cardiovasculares”, afirma. No entanto, a pesquisa indica a necessidade de uma avaliação mais completa e personalizada, considerando o perfil genético e o estilo de vida de cada paciente.
A equipe da UFRJ enfatiza que o estudo ainda está em fase de análise e que são necessárias mais pesquisas para compreender completamente as razões por trás desse paradoxo. Os resultados preliminares, porém, já abrem novas perspectivas para a investigação em saúde cardiovascular, apontando para a complexa interação de fatores que determinam a longevidade. A expectativa é que novas descobertas ajudem a aprimorar as estratégias de prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares, levando a uma abordagem mais precisa e eficaz para cada indivíduo.