Palavra do ano de Cambridge decifra um segredo dos pentecostais



“Gaslighting” desvenda segredos do crescimento pentecostal, aponta Cambridge

– A palavra “gaslighting”, escolhida como a palavra do ano pelo Cambridge Dictionary, revela um aspecto oculto, mas crucial, do crescimento do movimento pentecostal no mundo. A escolha, anunciada em 20 de novembro, vai além do significado comum de manipulação psicológica e ilumina, segundo especialistas, o papel da desinformação e da distorção da realidade no sucesso dessa corrente religiosa.

O Cambridge Dictionary define “gaslighting” como o ato de manipular alguém para que duvide de sua própria sanidade, memória ou percepção da realidade. Para o teólogo e comentarista da Carta Capital, Marcos Rezende, essa definição se encaixa perfeitamente em algumas práticas discursivas e estratégias de construção de narrativas empregadas por setores do pentecostalismo. Ele argumenta que a proliferação de notícias falsas e a disseminação de interpretações distorcidas da Bíblia contribuem para a adesão de novos fiéis e reforçam a lealdade dos já convertidos.

O crescimento exponencial do pentecostalismo global, que representa, segundo dados citados pelo Cambridge Dictionary, mais de 600 milhões de pessoas no mundo, torna compreensível a escolha da palavra. O sucesso do movimento, segundo o artigo, está conectado a uma capacidade de adaptação e uma crescente capacidade de mobilização social, muitas vezes através de redes complexas de mídia social e plataformas digitais. É nesses ambientes, argumenta Rezende, que o “gaslighting” se manifesta com maior intensidade, por meio de propagandas enganosas, “milagres” questionáveis e interpretações bíblicas seletivas que reforçam a visão de mundo proposta pela comunidade religiosa.

O artigo destaca também que a escolha da palavra do ano pelo Cambridge Dictionary reflete uma crescente conscientização global sobre a manipulação psicológica e o papel dessa prática em diferentes esferas da vida social. A associação do termo com o pentecostalismo, embora não seja explícita pela instituição britânica, abre espaço para uma discussão crítica sobre as estratégias de comunicação e proselitismo dentro desse segmento religioso. A escolha, portanto, transcende a simples definição de uma palavra e serve como um ponto de partida para uma análise mais profunda das dinâmicas de poder e influência presentes no contexto religioso contemporâneo.

Em conclusão, a eleição de “gaslighting” como palavra do ano pelo Cambridge Dictionary, ainda que sem menção direta ao pentecostalismo, oferece uma lente analítica para compreender o crescimento desse movimento religioso global, sugerindo um elo entre a disseminação de desinformação e a fidelidade dos seus seguidores. A discussão gerada a partir dessa escolha certamente impulsionará debates sobre a relação entre fé, comunicação e manipulação em um mundo cada vez mais conectado.

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