Os benefícios (e os riscos) do acordo Mercosul-UE para a economia brasileira, segundo Apex, CNI e Greenpeace



Brasília, 28 de junho de 2023 – A possibilidade de um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE) acende debates acalorados no Brasil. Enquanto alguns enxergam um potencial de crescimento econômico significativo, outros apontam para riscos ambientais e sociais preocupantes. A divergência de opiniões ficou evidente em análises recentes da ApexBrasil, CNI e Greenpeace, que oferecem perspectivas distintas sobre os impactos do acordo na economia brasileira.

A ApexBrasil, agência de promoção de exportações e investimentos brasileiros, prevê um aumento de 15,7% no PIB brasileiro até 2035, caso o acordo seja fechado. Este crescimento seria impulsionado pelo aumento das exportações brasileiras para a UE, principalmente de produtos agropecuários e manufaturados. A agência destaca a possibilidade de redução significativa das tarifas de importação e exportação, gerando maior competitividade para empresas brasileiras no mercado europeu. A CNI (Confederação Nacional da Indústria), por sua vez, se mostra otimista com o potencial de incremento das exportações brasileiras, mas ressalva a necessidade de medidas para garantir a competitividade da indústria nacional frente à concorrência europeia. A entidade destaca a importância de investimentos em infraestrutura e tecnologia para aproveitar ao máximo as oportunidades oferecidas pelo acordo.

No entanto, nem todas as análises são tão positivas. O Greenpeace levanta preocupações significativas sobre os impactos ambientais do acordo. A organização argumenta que o acordo pode levar a um aumento do desmatamento na Amazônia, impulsionado pela maior demanda por commodities agrícolas na UE. O Greenpeace destaca a falta de mecanismos eficazes de monitoramento e fiscalização ambiental no acordo, o que, em sua visão, aumentaria os riscos de violações ambientais. A organização enfatiza a necessidade de inclusão de cláusulas ambientais mais robustas no acordo, que garantam a proteção da biodiversidade e a preservação das florestas brasileiras.

A disparidade nas perspectivas apresentadas por essas três entidades demonstra a complexidade do debate sobre o acordo Mercosul-UE. Enquanto a ApexBrasil e a CNI veem um potencial significativo de crescimento econômico, o Greenpeace alerta para os riscos ambientais e a necessidade de mecanismos mais robustos de proteção ambiental. A discussão sobre o acordo, portanto, transcende a esfera econômica, envolvendo questões cruciais de sustentabilidade e responsabilidade social. A aprovação final do acordo dependerá, inevitavelmente, de uma cuidadosa avaliação dos prós e contras, levando em consideração as preocupações de todas as partes envolvidas. A ausência de um consenso claro demonstra a necessidade de um debate público mais amplo e transparente sobre o futuro do acordo e seus impactos para a sociedade brasileira.

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