Órgão de investigação da Coreia do Sul emite ordem de prisão contra presidente que decretou lei marcial
Presidente da Coreia do Sul que decretou lei marcial tem ordem de prisão emitida
– A Agência de Investigação do Estado (NIS, na sigla em inglês) da Coreia do Sul emitiu nesta segunda-feira uma ordem de prisão para Chun Doo-hwan, presidente do país entre 1980 e 1988, por seu papel no violento golpe de Estado de 1979 e no subsequente decreto da lei marcial. A decisão, tomada após anos de investigações, marca um momento significativo na busca por justiça por décadas de abusos de poder e violações de direitos humanos.
A ordem de prisão, que se concentra em diversos crimes cometidos durante o período de seu governo autoritário, é um reflexo da crescente demanda por responsabilização por ações ocorridas durante o regime militar. A NIS alega que Chun Doo-hwan é diretamente responsável por diversos atos de violência, incluindo a repressão violenta de protestos democráticos e a prisão arbitrária de milhares de cidadãos. A investigação se concentra, especificamente, no sangrento massacre de civis em Gwangju, em maio de 1980, episódio este que marcou um dos momentos mais sombrios da história recente do país.
A decisão da NIS acontece em meio a uma crescente pressão da sociedade civil sul-coreana. Grupos de direitos humanos e familiares das vítimas do regime militar têm lutado incansavelmente por décadas para que os responsáveis pelos abusos de poder sejam responsabilizados. A emissão da ordem de prisão é vista como um passo importante para alcançar justiça e para trazer algum fechamento às famílias que sofreram com a brutalidade do regime de Chun Doo-hwan.
Embora tenha sido condenado anteriormente por corrupção e outros crimes, esta é a primeira vez que Chun Doo-hwan, que já está com 91 anos, é formalmente acusado por seu papel na imposição da lei marcial e nas consequentes repressões. A ordem de prisão representa uma reviravolta significativa na luta por justiça e accountability em relação ao período autoritário sul-coreano.
O processo legal contra Chun Doo-hwan promete ser longo e complexo, mas sua prisão representaria um marco crucial na trajetória da Coreia do Sul rumo à plena consolidação de sua democracia e à reparação de um passado marcado por graves violações dos direitos humanos. A resposta do ex-presidente e de seus aliados políticos a esta ordem de prisão será acompanhada de perto pela população sul-coreana e pela comunidade internacional.