Objetos que falam
Objetos que falam: exposição em São Paulo resgata memórias da ditadura militar
São Paulo, 24 de agosto de 2023 – A mostra “Objetos que Falam: Memórias da Ditadura Militar (1964-1985)” abriu suas portas no Memorial da América Latina, em São Paulo, oferecendo um mergulho impactante na história recente do Brasil. A exposição, que ficará disponível até 29 de outubro, não se limita a apresentar documentos e fotos; ela utiliza objetos pessoais como fio condutor para narrar as experiências de indivíduos que viveram sob o regime militar. Mais do que uma simples retrospectiva, a mostra proporciona uma experiência visceral e comovente, confrontando o visitante com a realidade da repressão e da luta pela liberdade.
A curadoria, assinada por diversos pesquisadores e instituições, selecionou cuidadosamente mais de 100 itens que pertenceram a vítimas e resistentes à ditadura. Entre eles, cartas, fotografias, documentos de tortura, além de objetos pessoais como um relógio, um livro e até mesmo uma escova de dentes. Cada objeto carrega consigo uma história, uma memória, um fragmento da realidade vivida por aqueles que sofreram as consequências do regime. A exposição busca, por meio desses objetos, humanizar as vítimas, tornando suas histórias tangíveis e inesquecíveis.
Um dos destaques da mostra é o acervo cedido pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, que inclui documentos cruciais para a compreensão do período. A exposição também apresenta objetos que revelam a luta pela democracia e a resistência dos movimentos sociais contra a ditadura. A diversidade de materiais expostos garante uma perspectiva ampla e multifacetada do período. A curadoria optou por não focar apenas nos atos de violência extrema, mas também em construir um panorama das diferentes formas de resistência e sofrimento, que iam desde a vigilância constante até a tortura física e psicológica.
A exposição “Objetos que Falam” não é apenas uma viagem ao passado; é uma oportunidade crucial para refletir sobre os impactos da ditadura militar na sociedade brasileira e para alertar sobre a importância da memória e dos direitos humanos. A mostra demonstra com clareza como objetos do cotidiano podem se transformar em poderosos símbolos da luta pela liberdade e da resistência contra a opressão. Ao final da visita, o impacto emocional é inegável, deixando uma marca profunda na consciência do visitante e reforçando a necessidade de se manter vigilante contra qualquer tipo de autoritarismo. A iniciativa se destaca como um importante recurso para educação e conscientização, especialmente para as novas gerações que muitas vezes têm um conhecimento superficial sobre esse período conturbado da história brasileira.