Negócio arriscado



Negócio Arriscado: o risco da privatização da Eletrobras para o consumidor brasileiro

– A privatização da Eletrobras, concluída em junho de 2022, levanta preocupações sobre o impacto no bolso do consumidor brasileiro. Apesar do discurso oficial de modernização e eficiência, estudos apontam para um cenário de aumento significativo nas tarifas de energia elétrica, contrariando as promessas iniciais do governo.

A venda da empresa, considerada a maior privatização da história do país, resultou em uma diluição da participação da União, que caiu de 70% para 45%, com o restante pulverizado entre investidores privados. A expectativa era de que a iniciativa atraísse investimentos privados, modernizando o setor e resultando em tarifas mais competitivas. No entanto, dados recentes apontam para um resultado diferente.

Um estudo da consultoria PSR, encomendado pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abrace), indica que o aumento médio das tarifas de energia elétrica pode chegar a 20% nos próximos anos. A pesquisa analisa o impacto da privatização sobre o mercado livre de energia e suas consequências para os consumidores. A Abrace alerta que esse aumento atingirá principalmente os consumidores que não estão no mercado livre, representando a maior parte da população brasileira.

A justificativa do governo para a privatização da Eletrobras girava em torno da necessidade de investimentos em infraestrutura e modernização do setor elétrico, buscando, assim, garantir o fornecimento de energia e reduzir os custos. Entretanto, a PSR aponta que a abertura do mercado para a livre concorrência, mesmo que teoricamente mais eficiente, pode gerar aumento de preços devido à concentração de mercado em poucas empresas. A análise da consultoria levanta a hipótese de que o aumento de lucratividade das empresas privadas, após a privatização, esteja sendo repassado diretamente para o consumidor final, através do reajuste das tarifas.

Além do aumento de preços, a PSR também alerta para o risco de queda na qualidade do serviço, devido à priorização do lucro pelas empresas privadas. A preocupação é que, com a busca incessante por lucratividade, os investimentos em infraestrutura e manutenção possam ser reduzidos, comprometendo a confiabilidade do sistema elétrico nacional.

Em conclusão, a privatização da Eletrobras, apesar das expectativas iniciais de modernização e redução de custos, apresenta riscos significativos para o consumidor brasileiro. O aumento projetado de 20% nas tarifas de energia elétrica, somado à possibilidade de queda na qualidade do serviço, indica a necessidade de uma avaliação crítica dos resultados dessa mega-operação e de um monitoramento rigoroso dos seus impactos na sociedade. A promessa de um negócio vantajoso para o país parece, segundo as análises, ter se transformado em um negócio arriscado para o consumidor.

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