‘Não significa que vamos concordar sempre’, diz Haddad sobre relação com BC e Galípolo
Brasília, 7 de janeiro de 2025 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reafirmaram nesta segunda-feira (7) a importância da autonomia da instituição, mas divergiram sobre a definição das metas de inflação para os próximos anos. A declaração conjunta, após reunião no Ministério da Fazenda, trouxe à tona as diferentes visões sobre a condução da política monetária no país.
Haddad reiterou o compromisso do governo com a independência do Banco Central, destacando que a discussão sobre as metas para 2026 e 2027 se dará dentro do arcabouço legal estabelecido. Ele pontuou que a escolha das metas é prerrogativa do Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão que reúne o ministro da Fazenda, o presidente do Banco Central e o presidente do Banco do Brasil. O ministro enfatizou a necessidade de uma coordenação eficaz entre as políticas fiscal e monetária para alcançar os objetivos de estabilidade econômica.
Já Campos Neto defendeu a manutenção da meta de inflação em 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, tanto para 2026 quanto para 2027. Ele argumentou que essa meta é essencial para ancorar as expectativas de inflação e garantir a credibilidade da política monetária. Embora não tenha detalhado os seus argumentos, a posição do presidente do Banco Central sugere uma postura mais conservadora em relação ao controle dos preços, em contraste com potenciais flexibilizações que o Ministério da Fazenda poderia propor.
A reunião entre Haddad e Galipolo serviu como palco para essa demonstração pública de diferentes perspectivas sobre a política monetária. A divergência, embora não tenha gerado atritos declarados, ressalta a complexidade das negociações que se avizinham para a definição das metas de inflação dos próximos anos. O processo de definição das metas, portanto, promete ser um campo de tensão entre o governo e o Banco Central, com a necessidade de um consenso para garantir a estabilidade econômica do país. A próxima etapa envolverá discussões mais aprofundadas no âmbito do CMN, onde se buscará a conciliação entre as diferentes posições. O resultado final dessas negociações impactará diretamente a política econômica brasileira nos próximos anos.