Nações mais vulneráveis se retiram de reunião na COP29: ‘Não fomos ouvidos’



Dubai, 02 de dezembro de 2023 – A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), realizada em Dubai, sofreu um duro golpe nesta segunda-feira com a retirada de um bloco significativo de nações vulneráveis aos impactos da crise climática. Representantes de países insulares e dações em desenvolvimento, profundamente impactados pelos eventos climáticos extremos, abandonaram as negociações alegando falta de escuta e respeito às suas demandas por justiça climática.

A decisão, tomada após dias de frustração com o ritmo lento e a falta de progresso nas negociações, representa um revés significativo para as esperanças de um acordo ambicioso na COP29. Os países em desenvolvimento argumentam que suas preocupações, especialmente em relação à mitigação, adaptação e financiamento para perdas e danos, estão sendo sistematicamente ignoradas pelas nações ricas e grandes emissores.

A coalizão de países, que representa uma parcela significativa das nações mais vulneráveis, destacou que não houve um avanço suficiente nas questões cruciais para garantir sua segurança e bem-estar. A falta de compromissos concretos para redução de emissões de gases de efeito estufa, o insuficiente financiamento para adaptação às mudanças climáticas já em curso e a ausência de um mecanismo eficaz para lidar com as perdas e danos causados por eventos climáticos extremos foram apontados como os principais motivos para a retirada.

A Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS), que representa 39 países-ilhas, e outras nações em desenvolvimento, manifestaram profundo desapontamento com a falta de progresso nas negociações. Representantes desses países enfatizaram repetidamente a urgência da situação e a necessidade de uma ação climática mais ambiciosa e equitativa, mas sentiram-se ignorados pelas grandes potências e seus interesses econômicos.

A decisão de abandonar a COP29, segundo os representantes, não é uma ação leviana, mas sim um ato de protesto necessário para pressionar as nações ricas a assumirem suas responsabilidades e a agirem com a urgência que a crise climática exige. Eles esperam que esse ato sirva como um alerta para a comunidade internacional sobre as consequências da inação e da falta de comprometimento com a justiça climática.

A saída desse bloco de países deixa em aberto um grande questionamento sobre o futuro das negociações na COP29 e a possibilidade de se chegar a um acordo significativo e justo. A falta de comprometimento demonstra um preocupante desequilíbrio de poder nas negociações climáticas internacionais, colocando em risco a sobrevivência e o futuro de milhões de pessoas em todo o mundo. A ausência desses países nas mesas de negociação poderá dificultar substancialmente o consenso e a efetividade de qualquer acordo final. A COP29 se encontra, portanto, em um ponto crítico e incerto.

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