Mudanças podem fazer Instagram e Facebook virarem novos ‘X’ e até inibir liberdade de expressão, dizem especialistas
São Paulo, 10 de janeiro de 2025 – A Meta, empresa controladora do Facebook e Instagram, planeja mudanças significativas em suas plataformas que, segundo especialistas, podem transformar as redes sociais em algo semelhante ao X (antigo Twitter) e, consequentemente, inibir a liberdade de expressão. As preocupações surgem após a divulgação de planos da empresa de priorizar conteúdos de vídeo curtos e de criadores de conteúdo, reforçando a competição com o TikTok e outras plataformas de vídeos.
A estratégia da Meta visa aumentar o engajamento e a retenção de usuários, principalmente os mais jovens, que migraram para plataformas com foco em vídeos curtos. A mudança, porém, preocupa especialistas em liberdade de expressão e regulamentação da internet. A priorização de conteúdo de vídeo curto, argumentam, pode levar a uma redução da visibilidade de outros formatos, como textos longos e debates mais complexos. Isso poderia, na visão deles, limitar a diversidade de opiniões e dificultar o acesso a informações de fontes diversas.
A preocupação se estende à possibilidade de aumento da desinformação e da proliferação de discursos de ódio. Com o foco em conteúdos virais e populares, existe o risco de algoritmos amplificarem informações falsas ou mensagens extremistas, alcançando um público ainda maior. A moderação de conteúdo, já um desafio para as plataformas, pode se tornar ainda mais complexa e ineficaz com a alteração proposta. A ausência de uma estrutura robusta de checagem de fatos e de combate à desinformação em vídeos curtos amplia essa preocupação.
Além disso, especialistas alertam para a possibilidade de aumento do controle editorial e da centralização do conteúdo. A ênfase em criadores de conteúdo pode significar um aumento do poder das empresas e indivíduos que produzem esses vídeos, em detrimento de usuários comuns que buscam apenas consumir e compartilhar informações. Essa centralização poderia, em última análise, restringir a liberdade de expressão e o acesso democrático à informação.
A Meta ainda não se pronunciou oficialmente sobre as preocupações levantadas pelos especialistas, mas a mudança de estratégia representa uma aposta significativa na adaptação às novas tendências do mercado digital, mesmo que isso possa ter consequências negativas para a liberdade de expressão nas plataformas. A evolução da situação será acompanhada atentamente por especialistas, ativistas e órgãos reguladores preocupados com o impacto dessas transformações no cenário digital.