Mototaxistas que atuam há 4 anos na periferia de SP atendem passageiros com medo de assaltos; eles criticam ameaças de Nunes e veem com receio chegada da 99



São Paulo, 20 de janeiro de 2025 – O medo de assaltos é rotina para os passageiros da periferia de São Paulo, e a sensação de insegurança também atinge os mototaxistas que atuam na região há quatro anos. A categoria, que se consolidou como alternativa de transporte em áreas com baixa oferta de ônibus e táxis, agora enfrenta novas preocupações com a iminente chegada do aplicativo 99 e as declarações recentes do secretário de Mobilidade Urbana, Sérgio Nunes.

A reportagem do G1 conversou com diversos profissionais que expressam receio com a concorrência do aplicativo. Segundo eles, a chegada da 99 pode intensificar a disputa por passageiros e gerar uma redução nos ganhos, já afetados pelas altas dos preços de combustível. A preocupação não se limita à concorrência, mas também à segurança. Muitos temem que a entrada de novos motoqueiros, sem o mesmo conhecimento da região e sem a mesma experiência em lidar com situações de risco, aumente os índices de assalto.

“A gente conhece os cantos, os caminhos mais perigosos. Já passou por muita situação complicada. É uma segurança que a gente oferece ao passageiro, além do transporte”, explica um mototaxista, que preferiu não se identificar por medo de represálias. A experiência acumulada ao longo dos anos permite que eles identifiquem potenciais riscos e escolham rotas mais seguras.

As declarações de Nunes, que ameaçaram a atuação dos mototaxistas, também causaram indignação. Os profissionais criticam a postura do secretário e afirmam que não possuem qualquer respaldo legal para sua atuação, operando em uma zona cinzenta da regulamentação. A falta de reconhecimento oficial e a ameaça de repressão, somada à chegada de uma grande empresa de transporte, acirra a insegurança e a incerteza sobre o futuro do trabalho desses profissionais.

“A gente trabalha honestamente, leva as pessoas para onde precisam ir em segurança. A gente não quer confusão, só quer trabalhar em paz”, desabafa outro mototaxista. A chegada da 99, segundo eles, representa uma ameaça não apenas ao seu sustento, mas à segurança dos passageiros que dependem do serviço que eles prestam há anos na periferia de São Paulo.

A conclusão é clara: a chegada do aplicativo 99 à periferia de São Paulo traz um cenário de incertezas para os mototaxistas que atuam na região. O temor com a concorrência, aliado à falta de reconhecimento legal e às declarações polêmicas do secretário, cria um clima de apreensão e exige uma urgente discussão sobre a regulamentação do setor e a garantia de segurança tanto para os profissionais quanto para os usuários do serviço.

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