Milei diz que pode manter aliança com Mercosul se países puderem ‘abrir seu comércio unilateralmente’
Buenos Aires, 23 de janeiro de 2025 – O candidato presidencial argentino Javier Milei, conhecido por suas posições ultraliberais, afirmou nesta quarta-feira que a permanência do país no Mercosul é uma possibilidade, desde que os demais membros – Brasil, Uruguai e Paraguai – abram unilateralmente seus mercados. A declaração, dada em entrevista, gera incerteza sobre os planos econômicos do líder da La Libertad Avanza caso seja eleito.
Milei, que tem defendido a saída da Argentina do bloco regional durante a campanha, condicionou sua eventual manutenção à adoção de uma política comercial unilateralmente liberal pelos demais países membros. Segundo suas palavras, a Argentina só permaneceria no Mercosul se os outros países “abrirem seus mercados unilateralmente”, sem a necessidade de reciprocidade por parte de Buenos Aires. Essa postura contrasta com a defesa de acordos comerciais bilaterais que ele vinha expressando anteriormente, sugerindo uma flexibilização em sua visão protecionista.
A declaração de Milei não especifica os detalhes de como essa abertura unilateral seria implementada ou quais medidas seriam necessárias para garantir a participação da Argentina sob essas condições. A ambiguidade da proposta deixa em aberto diversas questões, como a possibilidade de retalições comerciais de outros países membros e os impactos para a economia argentina, especialmente para setores protegidos.
A postura de Milei em relação ao Mercosul tem sido um dos pontos mais debatidos de sua campanha. A incerteza sobre sua posição quanto ao bloco econômico reflete a volatilidade e o caráter imprevisível de suas propostas econômicas, preocupando analistas e investidores que buscam clareza sobre os rumos da Argentina caso ele assuma o poder.
A reação dos demais membros do Mercosul à declaração ainda não foi divulgada oficialmente. No entanto, a condição imposta por Milei para a permanência da Argentina no bloco sugere um cenário de complexas negociações e possíveis tensões no futuro. A expectativa é de que as próximas semanas tragam mais esclarecimentos sobre a posição final do candidato e as consequências dessa proposta para o futuro do Mercosul.