Máfia dos Cemitérios: quando a privatização é incompatível com a dignidade humana
A “máfia dos cemitérios”: quando a privatização se choca com a dignidade humana
– A privatização de cemitérios, em tese uma solução para modernizar a gestão de espaços funerários, tem gerado denúncias graves de exploração e desrespeito à dignidade humana em diversas cidades brasileiras. A prática, apelidada de “máfia dos cemitérios”, envolve preços exorbitantes, falta de transparência e até mesmo a violação de túmulos, expondo a fragilidade da regulamentação e o risco de se priorizar o lucro sobre a memória dos mortos e o sofrimento dos enlutados.
O artigo publicado na Carta Capital detalha a problemática, apontando para o descontrole que a privatização, muitas vezes sem licitação pública transparente, gera. A falta de fiscalização efetiva e a ausência de um sistema de controle de preços permitem que empresas privadas elevem os custos dos serviços funerários de forma abusiva, onerando famílias já fragilizadas pela perda de um ente querido. Situações como a cobrança de taxas adicionais indevidas, a imposição de pacotes de serviços desnecessários e a dificuldade de acesso à informação sobre os preços são comuns.
A reportagem destaca a precariedade dos serviços prestados em alguns cemitérios privatizados. Túmulos são frequentemente vandalizados, com lápides danificadas ou desaparecidas, enquanto a manutenção da estrutura física dos cemitérios deixa a desejar, comprometendo a dignidade do local e o respeito à memória dos falecidos. A falta de clareza nos contratos e a dificuldade de se obter informações sobre o destino dos valores pagos pelos serviços contribuem para um cenário de opacidade e insegurança para os familiares.
A privatização, sem um controle rigoroso, acaba por favorecer a formação de oligopólios, concentrando o poder em poucas mãos e limitando a concorrência. Isso intensifica a capacidade das empresas de impor preços abusivos e prestar serviços de baixa qualidade. A ausência de mecanismos de fiscalização e a falta de uma regulamentação eficaz permitem que a “máfia dos cemitérios” opere com impunidade, comprometendo o direito à memória e o respeito aos mortos.
Em suma, a experiência demonstra que a privatização de cemitérios, se desprovida de mecanismos eficazes de controle e transparência, pode se tornar um fardo para a população, gerando lucros exorbitantes para empresas privadas em detrimento da dignidade humana e do respeito aos mortos. A necessidade de uma regulamentação mais robusta e de uma fiscalização mais rigorosa é urgente para garantir que a gestão de espaços funerários priorize o respeito à memória e à dor das famílias, e não apenas a maximização dos lucros.