Lula será pragmático, mas deve bater de frente com Trump em alguns temas, diz ex-chanceler
São Paulo, 21 de fevereiro de 2024 – O retorno do Brasil ao cenário internacional sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva promete um equilíbrio entre pragmatismo e firmeza em questões cruciais, especialmente no relacionamento com os Estados Unidos, sob o comando de Donald Trump. Essa é a avaliação de Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores durante os governos Lula e Dilma Rousseff, em entrevista à CartaCapital. Segundo Amorim, o presidente brasileiro buscará a cooperação em áreas de interesse mútuo, mas não hesitará em confrontar Trump em temas onde divergências ideológicas forem intransponíveis.
Amorim destacou a complexidade do cenário geopolítico atual, marcado por uma crescente polarização entre EUA e China. Para o ex-chanceler, a postura de Lula será crucial para navegar nesse ambiente instável e garantir os interesses nacionais. Embora preveja uma abordagem pragmática, Amorim antecipa que o presidente brasileiro não abrirá mão de posições em áreas como a defesa da Amazônia e a promoção de um multilateralismo efetivo, mesmo que isso signifique divergir de Trump. Ele lembrou que, durante seu primeiro mandato, Lula já demonstrou capacidade de construir relações sólidas com diferentes atores globais, mesmo com divergências ideológicas significativas.
A entrevista de Amorim enfatiza a importância do diálogo e da diplomacia para o sucesso da política externa brasileira na atual conjuntura. O ex-chanceler destacou a necessidade de Lula construir pontes com diferentes países, buscando parcerias estratégicas em áreas como comércio, tecnologia e segurança, sem deixar de lado a defesa dos princípios e valores nacionais. O sucesso dessa estratégia, segundo Amorim, dependerá da capacidade de Lula de articular uma agenda positiva para o Brasil, sem se submeter a pressões externas ou ceder a chantagens.
Em resumo, a análise de Celso Amorim prevê uma atuação equilibrada de Lula na política externa. Pragmatismo e cooperação serão os pilares da sua estratégia, mas o confronto com a administração Trump em temas relevantes para o Brasil é considerado inevitável. A capacidade do presidente em navegar esse delicado equilíbrio será crucial para garantir os interesses nacionais no palco internacional.