Joseph Aoun, o comandante-chefe do exército que assumiu a presidência do Líbano



Beirute, 31 de outubro de 2022 – O Líbano acorda sob nova liderança, ainda que provisória, após o comandante-chefe do Exército, General Joseph Aoun, assumir a presidência do país interinamente. A nomeação, ocorrida em meio a uma crise política sem precedentes que se arrasta desde novembro de 2022, reflete a incapacidade do Parlamento de eleger um sucessor para Michel Aoun, cujo mandato expirou em 31 de outubro. A situação deixa o país em um limbo político delicado, com incertezas quanto ao futuro e à capacidade de lidar com os graves problemas econômicos e sociais que o afligem.

A ausência de um presidente eleito no prazo constitucional configura uma situação inédita na história recente libanesa. A incapacidade de alcançar um consenso entre as diversas facções políticas, agravada por profundas divisões sectárias, demonstra a fragilidade das instituições e a paralisia do sistema político. A eleição presidencial, que deveria ter acontecido antes do fim do mandato de Michel Aoun, foi adiada sucessivamente, sem que houvesse um candidato capaz de reunir o apoio necessário dos dois terços do Parlamento, como exige a Constituição.

O General Joseph Aoun, figura respeitada pelas Forças Armadas, assume, portanto, a presidência interinamente. Apesar de sua posição de destaque, a transição não garante a resolução imediata da complexa crise política. A sua atuação no cargo, limitada por sua natureza temporária, deixa em aberto a questão crucial da estabilidade política de longo prazo no Líbano. O país continua mergulhado em uma grave crise econômica, com uma inflação galopante que, em 2022, atingiu 170%, e uma população que enfrenta penúria e dificuldades para acessar serviços básicos, como saúde e educação.

A nomeação do General Aoun como presidente interino demonstra, ao mesmo tempo, a força e a fragilidade das instituições libanesas. Enquanto o Exército mantém-se como uma das poucas instituições nacionais relativamente funcionais e respeitadas, a incapacidade da classe política de encontrar soluções para a crise política profunda e duradoura evidencia a necessidade urgente de reformas estruturais para garantir a estabilidade e o futuro do país. O caminho para a resolução da crise libanesa permanece incerto, com a população esperando por sinais de estabilidade e recuperação em um cenário político ainda nebuloso. A interinidade do General Aoun representa um período crucial, que definirá os rumos da nação nos próximos passos.

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