Indignação seletiva contra TikTok reforça: os EUA violam a ‘liberdade’ quando lhes convém
Indignação seletiva contra o TikTok expõe hipocrisia estadunidense em relação à liberdade
– A recente onda de proibições e restrições impostas ao aplicativo TikTok nos Estados Unidos reacende o debate sobre a seletividade da política externa americana em relação à liberdade de expressão e à soberania nacional. Enquanto o governo americano alega preocupações com a segurança nacional e a influência chinesa, críticos argumentam que essa ação representa mais um caso de hipocrisia, onde os EUA violam a liberdade quando lhes convém, aplicando padrões duplos em suas relações internacionais.
O artigo publicado na CartaCapital aponta que a preocupação com a segurança nacional, justificativa central para as restrições ao TikTok, soa particularmente vazia quando analisada à luz da postura americana em relação a outras empresas de tecnologia. Não há, por exemplo, o mesmo nível de preocupação com empresas como o Google ou o Facebook, apesar de seus imensos bancos de dados e influência global, e mesmo considerando suas práticas questionáveis que já geraram grandes multas e processos.
A autora do artigo destaca a ironia da situação: enquanto os EUA pressionam outros países a adotarem padrões de liberdade de expressão alinhados aos seus, demonstram seletividade e pragmatismo em suas próprias ações. A proibição do TikTok, que afeta milhões de usuários, é vista como um ato de protecionismo e uma tentativa de sufocar um concorrente de sucesso no mercado digital.
A narrativa de risco à segurança nacional, segundo o texto, é utilizada para justificar medidas que, na prática, restringem a liberdade de expressão e a concorrência. A alegação de que dados dos usuários do TikTok podem ser acessados pelo governo chinês, embora preocupante, não é acompanhada de uma investigação equivalente sobre as práticas de outras empresas de tecnologia, criando assim uma clara disparidade de tratamento.
Além disso, a pressão sobre outras nações para que adotem medidas similares contra o TikTok demonstra o caráter imperialista desta política, buscando impor a vontade americana sobre outros países e seus sistemas jurídicos. Essa imposição de padrões internacionais seletivos, segundo a CartaCapital, reforça a ideia de que os EUA priorizam seus interesses econômicos e geopolíticos acima da defesa universal dos direitos e liberdades.
Em conclusão, a indignação seletiva contra o TikTok não apenas expõe a hipocrisia da política externa americana, mas também ressalta a fragilidade da retórica sobre liberdade e soberania quando confrontada com interesses comerciais e geopolíticos. A falta de transparência e a aplicação de padrões duplos em relação à segurança nacional e à liberdade de expressão prejudicam a credibilidade dos EUA no cenário internacional e alimentam o ceticismo em relação às suas motivações.