Inclusão x restrição: como escolas do Acre lidam com o uso de celulares por alunos nas salas de aula
Celulares na sala de aula: um dilema entre inclusão e restrição no Acre
Rio Branco, 8 de novembro de 2024 – O uso de celulares em sala de aula é um debate acalorado em todo o país, e no Acre não é diferente. Enquanto alguns educadores veem os smartphones como ferramentas de aprendizado e inclusão, outros defendem a restrição total, alegando que o uso descontrolado prejudica o desempenho e a concentração dos alunos.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Acre (UFAC) em 2024, 60% dos professores acreanos se mostram favoráveis à proibição total do uso de celulares durante as aulas. O principal argumento é a distração, com 85% dos professores relatando que o uso dos aparelhos impacta negativamente a atenção dos alunos. “O celular é uma porta de entrada para um mundo de distrações”, afirma Maria da Silva, professora de matemática em Rio Branco. “É muito difícil manter o foco quando os alunos estão checando notificações, jogando ou navegando na internet.”
No entanto, outros educadores defendem o uso estratégico dos smartphones como ferramenta pedagógica. “A tecnologia está presente na vida dos alunos, e ignorá-la é negar a realidade”, argumenta João Pedro, professor de história em Cruzeiro do Sul. “Podemos utilizar aplicativos educacionais, vídeos explicativos e pesquisas online para tornar o aprendizado mais dinâmico e interessante”.
O debate se intensifica no estado, com a crescente preocupação da desigualdade digital. Um estudo realizado pela Secretaria de Educação do Acre (SEE-AC) em 2023 revelou que 40% dos alunos da rede pública estadual não possuem acesso à internet em casa. Para esses alunos, o celular se torna a principal porta de entrada para o mundo digital, com potencial para ampliar o acesso à informação e ao conhecimento.
Diante da complexidade do tema, as escolas do Acre estão buscando soluções. Algumas escolas adotaram o “Dia do Celular”, onde os alunos podem usar seus smartphones para atividades pedagógicas específicas. Outras investem em plataformas digitais para o ensino remoto, permitindo que os alunos acessem materiais e atividades fora da sala de aula.
Ainda não há consenso sobre qual é a melhor forma de lidar com o uso de celulares nas escolas. A discussão exige um diálogo aberto entre professores, pais, alunos e gestores, buscando encontrar um equilíbrio entre a necessidade de aprendizado e o acesso à tecnologia, sem abrir mão da qualidade do ensino.