‘Guerra às drogas’ consumiu R$ 8 bilhões do orçamento de segurança de 6 estados em 2023
Guerra às drogas consumiu R$ 8 bilhões do orçamento de segurança de seis estados em 2023
– O combate ao tráfico de drogas no Brasil representou um custo exorbitante para os cofres públicos em 2023. Um levantamento inédito realizado pela ONG Conectas Direitos Humanos, com base em dados de seis estados brasileiros – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Ceará – revela que R$ 8 bilhões foram gastos com ações de segurança pública direcionadas ao combate ao tráfico, representando um impacto significativo nos orçamentos estaduais. Este valor corresponde a quase 20% do total destinado à segurança pública nestes estados, evidenciando a magnitude dos recursos empregados na chamada “guerra às drogas”.
O estudo da Conectas destaca a ineficiência da estratégia de combate ao tráfico através da repressão policial. Apesar do vultoso investimento, os resultados em termos de redução da criminalidade relacionada ao tráfico não se mostraram proporcionais aos recursos empregados. A ONG questiona a alocação de recursos tão significativos para uma política pública que, segundo os dados analisados, não demonstra resultados positivos na redução do crime organizado ou na melhoria da segurança pública. A entidade ressalta a necessidade de uma revisão urgente na estratégia, com foco em políticas públicas mais eficazes e que considerem a complexidade do problema do tráfico de drogas, que vai além da repressão policial.
A análise individual por estado evidencia a disparidade nos investimentos. São Paulo, por exemplo, concentra a maior parte dos gastos, com mais de R$ 3 bilhões destinados à guerra às drogas. Em seguida, o Rio de Janeiro apresenta um investimento da ordem de R$ 1,9 bilhão. Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Ceará seguem com valores que, somados, completam os R$ 8 bilhões. A ONG chama a atenção para a falta de transparência em relação à destinação dos recursos, dificultando a avaliação da eficácia das ações. A falta de dados detalhados sobre os resultados dessas operações dificulta a comprovação do retorno do investimento feito pelos estados.
A Conectas Direitos Humanos defende a implementação de políticas públicas integradas que abordem as causas estruturais do tráfico de drogas, como a pobreza, a desigualdade e a falta de oportunidades. A entidade propõe a priorização de investimentos em educação, saúde, geração de emprego e políticas sociais como alternativa mais eficaz para o enfrentamento do problema, reduzindo a necessidade de altos investimentos na repressão policial. O estudo reforça a urgência de um debate público sobre a eficácia da “guerra às drogas” e a necessidade de mudança de paradigma na abordagem dessa questão crucial para a segurança pública brasileira. A alocação de R$ 8 bilhões em seis estados, sem resultados expressivos, aponta para a necessidade de novas estratégias, mais humanizadas e eficazes, para o combate ao crime organizado e a construção de uma sociedade mais justa e segura.