Geriatra que acompanhou paciente descreve como funciona o suicídio assistido



Rio de Janeiro, 17 de dezembro de 2024 – A médica geriatra Dra. Ana Claudia Quintana Arantes, que acompanhou um paciente durante o processo de suicídio assistido, descreveu detalhadamente como a prática funciona na realidade. Em entrevista concedida ao G1, a médica, que atua em São Paulo, explicou os procedimentos éticos e legais envolvidos, lançando luz sobre um tema ainda cercado de controvérsia. O relato da Dra. Arantes proporciona uma perspectiva singular e informada sobre um assunto sensível, permitindo uma compreensão mais profunda do processo para a sociedade.

A médica relatou que o paciente, que sofria de uma doença terminal incurável, procurou-a buscando auxílio para encerrar a vida. O processo, segundo a Dra. Arantes, iniciou com diversas consultas para avaliar se o paciente preenchia todos os critérios legais e éticos para o suicídio assistido. Isso incluiu a confirmação de diagnóstico irreversível, sofrimento insuportável e incapacidade de alívio, além de uma avaliação cuidadosa da capacidade do paciente para tomar decisões de forma autônoma. A geriatra enfatizou a importância de descartar a possibilidade de depressão tratável, assegurando que o pedido de morte assistida não fosse resultado de um estado de humor transitório.

Durante o processo, a Dra. Arantes destaca a necessidade de um acompanhamento multidisciplinar. “É crucial a participação de profissionais de saúde como psicólogos e psiquiatras, que ajudam a avaliar a saúde mental e as motivações do paciente”, afirma a médica. A decisão, conforme enfatizado, é exclusivamente do paciente, com a médica agindo como facilitadora, orientando sobre os métodos e os riscos envolvidos. A médica ressalta ainda que o acesso ao suicídio assistido é estritamente regulamentado e condicionado ao cumprimento rigoroso das normas éticas e legais, enfatizando a necessidade de clareza e transparência em todo o processo.

Após o cumprimento de todas as etapas do processo e com a confirmação da vontade livre e consciente do paciente, a médica descreveu a administração da medicação. O foco, segundo ela, é garantir um processo pacífico e sem sofrimento. A Dra. Arantes reforça que o suicídio assistido não é uma solução para todos os casos de doenças terminais, mas uma opção para aqueles que, devidamente avaliados, se encaixam nos critérios rigorosos estabelecidos. Este relato, baseado em sua experiência profissional, evidencia a complexidade emocional e ética envolvida no assunto.

Em conclusão, o relato da Dra. Arantes oferece uma visão prática e detalhada do suicídio assistido, um tema que requer um debate público informado e sensível. A transparência e a discussão aberta sobre o assunto são cruciais para que a sociedade compreenda as nuances desse processo e as implicações éticas e legais envolvidas. A experiência relatada pela geriatra ilustra a necessidade de um acompanhamento cuidadoso e multidisciplinar, garantindo que a decisão do paciente seja tomada com total consciência e livre de qualquer tipo de coerção.

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