Genocídio negro



São Paulo, 21 de março de 2023 – Um novo estudo publicado pela Carta Capital revela dados alarmantes sobre a violência letal contra a população negra no Brasil, apontando para um cenário que configura, segundo especialistas, um verdadeiro genocídio. Os números, fruto de uma análise aprofundada, demonstram a gravidade da situação e a urgente necessidade de políticas públicas eficazes para reverter esse quadro.

O estudo destaca que, entre 2017 e 2022, 137.689 pessoas foram assassinadas no país. Desse total, 73,6% eram negras, representando um percentual significativamente superior à participação da população negra na composição da população brasileira, estimada em 56%. Esse abismo entre a proporção da população negra e o número de vítimas negras de homicídio evidencia uma disparidade brutal e sistemática. A taxa de mortalidade por homicídio entre pessoas negras é 2,7 vezes maior do que entre pessoas brancas, revelando uma profunda desigualdade na exposição à violência letal.

A pesquisa também aponta para a concentração geográfica da violência. Estados como Rio de Janeiro e Bahia se destacam como os mais perigosos para a população negra, com taxas de homicídio significativamente altas. A análise demonstra a necessidade de um olhar diferenciado para essas regiões, considerando as peculiaridades locais e as causas estruturais que contribuem para a perpetuação da violência.

Além da análise quantitativa, o estudo traz à tona questões cruciais sobre a letalidade policial, o racismo institucional e a falta de acesso a direitos básicos como saúde, educação e moradia, que se configuram como fatores determinantes na vulnerabilidade da população negra à violência. A taxa de letalidade policial para a população negra é cerca de três vezes maior do que para a população branca, reforçando o problema sistêmico de racismo na estrutura das forças de segurança.

A conclusão aponta para a urgência de ações efetivas por parte do Estado brasileiro para combater esse genocídio. Não se trata apenas de números, mas de vidas ceifadas pela violência, de famílias destroçadas e de um futuro comprometido para toda uma população. É necessário, portanto, um esforço conjunto da sociedade e das instituições para garantir a segurança, a justiça e os direitos fundamentais da população negra, que continua sendo vítima de um sistema que a marginaliza e a expõe a um risco desproporcionalmente alto de morte. A luta contra o genocídio negro exige políticas públicas eficazes, investimento em segurança pública que respeite os direitos humanos e um compromisso inabalável com a igualdade racial.

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