Freio de arrumação
Freio de mão puxado: inflação desacelera, mas Brasil segue patinando
A inflação brasileira, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou uma desaceleração em julho, chegando a 0,16%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última terça-feira (9). O resultado representa uma queda em relação aos 0,67% de junho, mostrando uma leve trégua no ritmo de alta de preços.
Apesar da desaceleração, a inflação acumulada no ano, de 4,73%, ainda se encontra acima do centro da meta do Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3,25%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. O acumulado em 12 meses, de 4,18%, também permanece acima do teto da meta.
O resultado de julho foi puxado para baixo, principalmente, pela queda nos preços dos alimentos. A categoria registrou deflação de 0,68%, com destaque para o tomate (-16,32%), a batata (-10,12%), a cebola (-14,43%) e o feijão (-8,21%). A queda nos preços dos combustíveis (-1,86%) também contribuiu para a desaceleração da inflação, com destaque para o etanol (-5,36%) e o gás liquefeito de petróleo (GLP) (-1,91%).
No entanto, a inflação ainda permanece pressionada por outros fatores, como o setor de habitação, que subiu 0,45% em julho, impulsionado pela alta nos preços dos aluguéis (0,78%). Os transportes também registraram alta de 0,61%, influenciados pelo aumento das tarifas de transporte público (0,84%).
“A inflação está sob controle, mas ainda não podemos comemorar”, disse o economista-chefe do banco XYZ, João Silva. “O cenário externo ainda é desafiador, com a guerra na Ucrânia e a crise global, e o mercado de trabalho brasileiro segue aquecido, o que pode pressionar os salários e, consequentemente, a inflação.”
O Banco Central, responsável por controlar a inflação, vem elevando a taxa básica de juros (Selic) desde março de 2021 para conter a alta de preços. Atualmente, a Selic se encontra em 13,75% ao ano, o maior nível desde 2016.
A expectativa dos especialistas é que o BC mantenha a Selic em seu patamar atual por um período mais longo, a fim de garantir a convergência da inflação para a meta. “A inflação deve continuar a desacelerar nos próximos meses, mas a trajetória de queda será gradual”, afirmou Silva.
O freio de mão ainda está puxado. A inflação brasileira segue em queda, mas a recuperação econômica ainda patina, exigindo cautela do governo e do Banco Central para evitar que a inflação volte a disparar.