Fomos da santidade ao submundo
Do altar para o crime: A história da ascensão do PCC e a falência do Estado
– Em um país marcado por desigualdades sociais profundas e um histórico de violência, a ascensão do Primeiro Comando da Capital (PCC) não é um fenômeno isolado, mas uma resposta complexa a um sistema falido. A história da facção criminosa, que completa 27 anos em 2023, é um reflexo da falência do Estado em oferecer oportunidades e justiça para a população, especialmente para a parcela mais vulnerável.
Nascido em 1996, o PCC teve como berço a Penitenciária do Estado de São Paulo, em Presidente Venceslau. A organização criminosa, inicialmente composta por detentos, consolidou seu poder através de um código de conduta rígido e uma estrutura hierárquica bem definida. O “Terceiro Comando”, como era conhecido na época, nasceu em um contexto de superlotação e desumanidade nos presídios paulistas.
A lógica da criminalidade se expandiu para além dos muros, com a facção se infiltrando em diversos setores da sociedade. O PCC se fortaleceu através do tráfico de drogas, extorsão, sequestro, assassinatos e outras atividades ilícitas. O poder do grupo se estende a diversos estados, como Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Paraná, e abrange uma rede de atuação que inclui até mesmo países como a Bolívia.
A escalada da violência e o controle crescente do PCC sobre o crime organizado alarmou as autoridades. Dados do Instituto de Criminalística do Estado de São Paulo mostram que a taxa de homicídios no estado aumentou de por 100 mil habitantes entre 2000 e 2022. A atuação da facção se tornou um dos principais desafios para a segurança pública brasileira.
A reportagem da Carta Capital destaca que o PCC, que nasceu como resposta à negligência do Estado, representa uma profunda crise social. A falta de investimentos em educação, saúde e oportunidades, além da corrupção generalizada e a impunidade, abrem caminho para o surgimento de grupos criminosos como o PCC.