Falta ao governo e à esquerda um projeto para a nova luta de classes
São Paulo, 24 de agosto de 2023 – A ausência de uma estratégia clara para lidar com a nova configuração da luta de classes no Brasil preocupa analistas políticos e gera debates acirrados entre governistas e opositores. Um artigo publicado na CartaCapital aponta para a fragilidade da esquerda e do próprio governo em articular uma resposta efetiva aos desafios impostos por essa nova realidade social e econômica.
O texto argumenta que a tradicional divisão entre burguesia e proletariado, motor da luta de classes no século XX, se tornou insuficiente para explicar as complexas dinâmicas sociais contemporâneas. A ascensão de uma classe média, embora heterogênea e frequentemente vulnerável, e a complexificação das relações de trabalho, com o crescimento do trabalho informal e da precarização, exigem novas abordagens e estratégias políticas.
De acordo com o artigo, o governo Lula, apesar de ter adotado medidas importantes como o aumento do salário mínimo e a retomada de programas sociais, não consegue articular um projeto político que dialogue com essa nova realidade. A falta de uma narrativa consistente e de políticas públicas mais eficazes para combater a desigualdade e a precarização do trabalho, segundo o autor, contribui para a fragilidade da esquerda na construção de uma agenda que mobilize a população e garanta a ampliação da base de apoio do governo.
A falta de um projeto político para essa nova configuração também afeta a própria esquerda, que, segundo o artigo, permanece presa a velhos esquemas de análise e ação. A ausência de uma estratégia para lidar com as novas formas de exploração e de opressão e a dificuldade de construir alianças com setores da população além da sua base tradicional são apontados como fatores que contribuem para sua incapacidade de mobilizar a sociedade.
O artigo finaliza alertando para os riscos de se ignorar a urgência de se elaborar uma nova estratégia política para a luta de classes no Brasil. A falta de clareza e de um projeto consistente pode resultar na perda de impulso político, abrindo espaço para a consolidação de projetos conservadores e a ampliação das desigualdades sociais. A necessidade de um projeto que contemple as novas dinâmicas sociais e econômicas, capaz de articular diferentes setores da população em torno de uma agenda comum, é apresentada como crucial para a construção de um futuro mais justo e equitativo.