Ex-chanceler faz alertas ao Brasil diante novo governo Trump: ‘Não é um boboca como Bolsonaro’
Brasília, 20 de outubro de 2023 – O ex-chanceler Celso Amorim fez um alerta contundente sobre os riscos para o Brasil caso Donald Trump retorne à presidência dos Estados Unidos. Em entrevista à CartaCapital, Amorim comparou o ex-presidente americano a Jair Bolsonaro, afirmando que Trump “não é um boboca” como o ex-presidente brasileiro. A declaração foi feita em meio ao crescente temor de que Trump vença as eleições presidenciais americanas de 2024, causando incertezas no cenário internacional.
Amorim destacou que, ao contrário da imagem muitas vezes cultivada, Trump possui uma visão geopolítica clara, mesmo que considerada errática por muitos. Ele argumentou que a política externa de Trump, apesar de imprevisível, não é aleatória e que o ex-presidente americano se pauta por interesses pragmáticos, buscando vantagens para os Estados Unidos. Neste contexto, o ex-chanceler expressou preocupação com a possibilidade de uma repetição de ações que prejudicaram o Brasil durante o governo anterior de Trump, como a imposição de tarifas sobre o aço e o alumínio brasileiros.
A análise de Amorim se estende além das relações comerciais. Ele também ponderou sobre a postura de Trump em relação à América Latina, considerando-a problemática para o Brasil. A visão do ex-chanceler indica que uma nova administração Trump representaria desafios significativos à política externa brasileira, exigindo uma estratégia cuidadosa e adaptável por parte do governo brasileiro. A comparação com Bolsonaro, no entanto, não foi feita para minimizar o perigo representado por Trump, mas sim para destacar a capacidade de ambos os líderes de atuarem de maneira imprevisível e com foco nos interesses nacionais, mesmo que isso implique em prejuízos para outros países.
Amorim não apresentou propostas específicas de como o Brasil deve se preparar para um eventual retorno de Trump ao poder, mas a entrevista deixa clara a sua preocupação com as potenciais consequências negativas para o país em diversas áreas, de relações comerciais a questões geopolíticas na América Latina. A declaração reforça a importância da elaboração de estratégias para lidar com as incertezas de um cenário internacional potencialmente instável, independentemente do resultado das eleições americanas. A declaração serve como um alerta, impulsionando o debate sobre a necessidade de planejamento estratégico para a política externa brasileira frente aos desafios de um cenário global em constante transformação.