Estudo detecta presença de metais na urina de crianças em Brumadinho



Brumadinho, Minas Gerais – Um estudo recente divulgado pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) revelou a presença de metais pesados na urina de crianças residentes em Brumadinho, município ainda em recuperação após o desastre ambiental de 2019. A pesquisa, realizada entre outubro de 2022 e fevereiro de 2023, analisou amostras de 80 crianças de 6 a 12 anos, moradoras de comunidades próximas à barragem da Vale que se rompeu em janeiro de 2019.

Os resultados são alarmantes. A pesquisa detectou a presença de chumbo em 95% das amostras, níveis acima do permitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Manganês foi encontrado em 80% das amostras, e arsênio em 72,5%. Os pesquisadores ressaltam que a exposição a estes metais pode causar danos graves à saúde, especialmente em crianças, afetando o desenvolvimento neurológico e o sistema imunológico. Os níveis de cádmio e mercúrio, embora presentes, ficaram abaixo dos limites considerados preocupantes pela OMS.

A pesquisa, coordenada pela professora e médica sanitarista Ana Flávia Freire, utilizou questionários para entender as rotinas e hábitos das crianças, como o consumo de água e alimentos. Os pesquisadores acreditam que a contaminação pode estar relacionada ao rompimento da barragem, que liberou toneladas de rejeitos de mineração na região, contaminando o solo e os recursos hídricos. Embora não seja possível afirmar com certeza a origem da contaminação apenas com os dados da pesquisa, a proximidade das comunidades ao local do desastre e a alta incidência de metais pesados na urina das crianças reforçam a hipótese.

A equipe da UFSJ destaca a importância da continuidade dos estudos para monitorar a saúde da população de Brumadinho e para que ações efetivas de remediação ambiental e de saúde pública sejam implementadas. A pesquisa aponta a necessidade de um acompanhamento médico específico para as crianças afetadas, além da adoção de medidas para garantir o acesso a água potável e alimentos seguros na região. A conclusão do estudo reforça a urgência de ações para mitigar os impactos da tragédia de 2019, que continua a afetar a saúde da população de Brumadinho anos depois.

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