‘Espero que esse júri seja minha voz, a voz do meu filho pedindo Justiça’, diz viúva de Genivaldo Santos morto em abordagem da PRF em SE
Aracaju, Sergipe – 27 de novembro de 2024 – A dor da perda e a busca incansável por justiça marcaram a presença de Catarina Genivaldo, viúva de Genivaldo de Jesus Santos, no início do julgamento de três policiais rodoviários federais acusados pela morte do seu marido. O caso, que chocou o país em 2022, voltou aos holofotes nesta terça-feira com o início do segundo julgamento no Tribunal do Júri de Aracaju. Catarina, visivelmente emocionada, declarou: “Espero que esse júri seja minha voz, a voz do meu filho pedindo justiça”.
Genivaldo Santos, 38 anos, faleceu em 25 de maio de 2022, após ser asfixiado dentro da viatura da Polícia Rodoviária Federal durante uma abordagem em Umbaúba, sul de Sergipe. Imagens chocantes que circularam nas redes sociais mostraram a brutalidade da ação, com os policiais utilizando gás lacrimogêneo dentro do veículo fechado. O laudo pericial apontou que a causa da morte foi asfixia, agravada pelo uso de spray de pimenta. Os três policiais, identificados como Kleber Cavalcante, William de Barros e Rodrigo Dantas, foram denunciados pelo Ministério Público de Sergipe por homicídio qualificado e tortura.
O primeiro julgamento, realizado em 2023, terminou com a absolvição dos acusados. Entretanto, o Ministério Público recorreu da decisão e, após análise, o Tribunal de Justiça de Sergipe (TJ-SE) anulou o julgamento, determinando um novo processo. O argumento da defesa para a anulação girava em torno de vícios no processo, o que gerou o novo julgamento em andamento.
Neste novo julgamento, a expectativa é de uma apuração mais profunda dos fatos e uma avaliação mais rigorosa das provas apresentadas. A defesa dos policiais mantém a inocência dos seus clientes, alegando legítima defesa e que a morte foi acidental. Já a acusação, representada pelo Ministério Público do Estado, insiste na responsabilidade dos agentes, argumentando pela presença de excessos e desrespeito à vida.
Para Catarina, a luta pela justiça não se resume à condenação dos policiais, mas também à busca por mudanças estruturais na PRF e em outras instituições de segurança pública, para evitar que tragédias semelhantes se repitam. O julgamento segue em andamento, com expectativa por um desfecho que traga algum alívio e justiça à família de Genivaldo Santos.