Entenda a nova crise política na Alemanha, que corre o risco de antecipar eleições
Crise política na Alemanha ameaça antecipar eleições e fragilizar coalizão
– A Alemanha vive um momento de grande instabilidade política, com a possibilidade de eleições antecipadas pairando no ar. A crise, que se intensificou nas últimas semanas, coloca em risco a coalizão de governo formada pelo Partido Social-Democrata (SPD), o Partido Verde e o Partido Liberal Democrático (FDP), e pode ter impactos significativos no cenário político europeu.
A gota d’água que desencadeou a crise foi a renúncia do ministro da Economia, Robert Habeck, do Partido Verde, no dia 18 de abril. A decisão de Habeck, que também é vice-chanceler, foi motivada por divergências com o ministro das Finanças, Christian Lindner, do FDP, sobre a política de gastos do governo.
Lindner, um defensor da austeridade fiscal, tem se opondo a novos investimentos, incluindo a construção de um novo aeroporto em Berlim, que é um projeto prioritário do Partido Verde. Habeck, por sua vez, argumenta que o país precisa de investimentos para fortalecer a economia e alcançar as metas de transição energética.
A renúncia de Habeck gerou um profundo abalo na coalizão, com a oposição aproveitando a oportunidade para pressionar o governo. As pesquisas de opinião mostram que a popularidade da coalizão está em queda livre, com a União Democrata-Cristã (CDU) e a União Social-Cristã (CSU) liderando as intenções de voto.
Um dos principais desafios para o governo é a questão da infraestrutura. A Alemanha precisa de investimentos significativos para modernizar suas redes de transporte, energia e comunicação, e a falta de consenso entre os partidos da coalizão sobre a forma de financiamento desses projetos tem sido um dos principais pontos de divergência.
Outro ponto crucial é a política externa. A guerra na Ucrânia e a crise energética que se seguiu à invasão russa têm gerado tensões dentro da coalizão, com o SPD defendendo uma postura mais cautelosa em relação à Rússia e o FDP pressionando por uma resposta mais dura.
Se a crise política não for resolvida, a Alemanha pode ser obrigada a realizar eleições antecipadas. O cenário de eleições prematuras, que atualmente é considerado improvável, mas não impossível, traria ainda mais incerteza para a política alemã e para a União Europeia.
Em meio à crise, o chanceler Olaf Scholz, do SPD, tem tentado manter a unidade da coalizão e evitar um colapso do governo. No entanto, a situação é extremamente frágil, e o futuro da coalizão está em jogo. A crise na Alemanha é um sinal de alerta para a fragilidade das democracias ocidentais, que estão cada vez mais divididas e polarizadas.