Enchente do século na Espanha: população jogou lama nos reis, mas reinado pode acabar fortalecido. Entenda
Enchente na Espanha: Raiva popular contra a realeza, mas reinado pode sair fortalecido
A Espanha enfrenta as consequências da pior enchente em um século, com danos estimados em bilhões de euros. As chuvas torrenciais que atingiram o país entre os dias 27 de outubro e 1 de novembro deixaram um rastro de destruição, especialmente na região de Valência.
A fúria da natureza, porém, não foi a única a causar revolta. A população, desiludida com a resposta do governo à crise, direcionou sua ira para a família real espanhola. O Rei Felipe VI e a Rainha Letizia foram recebidos com uma chuva de lama e insultos durante visita à região devastada em 9 de novembro.
Segundo a pesquisa do Centro de Estudos de Opinião Pública (CEO), 72% dos espanhóis acreditam que a monarquia não está preparada para lidar com crises como essa. O índice de aprovação de Felipe VI, que já estava em baixa após escândalos envolvendo sua família, caiu para 39%.
“A monarquia sempre foi vista como um símbolo de estabilidade, mas a resposta desastrada à crise demonstra que essa imagem está desmoronando”, afirma o sociólogo Juan Carlos Sánchez. “As pessoas se sentem abandonadas e estão procurando por um líder que esteja realmente preocupado com o seu bem-estar.”
No entanto, a crise também pode representar uma oportunidade para o Rei Felipe VI fortalecer seu reinado. Com a atenção voltada para os problemas do país, o monarca tem a chance de se posicionar como um líder que se importa com o povo e que está comprometido em reconstruir a nação.
“O Rei tem a oportunidade de reconquistar a confiança do povo e demonstrar que a monarquia tem um papel importante a desempenhar na sociedade espanhola”, afirma a historiadora Maria Dolores de la Cruz. “Mas para isso, ele precisa agir com rapidez e eficácia, mostrando empatia e compromisso com a recuperação do país.”
O futuro da monarquia espanhola está em jogo, e a forma como Felipe VI lidará com a crise da enchente será crucial para definir o rumo da instituição. As próximas semanas serão cruciais para observar se o Rei conseguirá reverter a onda de rejeição e se firmar como um líder forte e presente para a Espanha.