Dino cita filme ‘Ainda Estou Aqui’ e defende que anistia não se estenda aos casos de ocultação de cadáver



Dino cita filme “Ainda Estou Aqui” e defende anistia, mas com ressalvas

– O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, utilizou uma referência cinematográfica inusitada para expressar sua posição sobre a anistia para crimes cometidos durante a ditadura militar. Em entrevista concedida nesta quinta-feira (24), Dino citou o filme “Ainda Estou Aqui”, de 2013, para ilustrar a complexidade do debate e defender a necessidade de uma distinção crucial: a anistia não deve se estender aos casos de ocultação de cadáver.

A declaração foi feita durante um evento em Brasília e repercutiu imediatamente nas redes sociais e nos meios de comunicação. O ministro argumentou que, embora defenda a anistia para determinados crimes da ditadura, a ocultação de cadáver constitui um ato que transcende os limites da discussão política e exige responsabilização legal. Dino não especificou quais crimes deveriam ser abrangidos pela anistia, mas sua posição deixa claro que o ato de ocultar corpos, independentemente do contexto histórico, demanda punição.

A analogia com o filme “Ainda Estou Aqui”, que narra a história de um cineasta que finge sua própria morte para escapar da fama, foi empregada por Dino para destacar a necessidade de se trazer à tona a verdade sobre os crimes cometidos durante o regime militar. Para o ministro, a ocultação de cadáver representa uma tentativa de silenciar a história, de apagar as marcas da repressão e impedir a busca por justiça e reparação às vítimas. A comparação, embora indireta, sugere a ideia de que a omissão da verdade sobre esses crimes é tão grave quanto o crime original.

A posição de Dino é crucial no contexto do debate sobre a anistia da ditadura, um tema que divide opiniões no país há décadas. Sua declaração sinaliza uma postura cautelosa e criteriosa, reconhecendo a necessidade de justiça e de reparação para as vítimas, mas sem descartar completamente a possibilidade de uma anistia para outros tipos de crimes. O ministro enfatizou a necessidade de um tratamento diferenciado para os casos envolvendo a ocultação de corpos, considerando-os crimes hediondos que devem ser investigados e punidos com rigor, independentemente do tempo transcorrido.

A declaração de Dino não aborda, entretanto, propostas concretas ou percentuais sobre a abrangência da possível anistia. O ministro, em tom moderado, se concentra em reiterar a urgência de se discutir o assunto de forma responsável e ponderada, sem comprometer a busca por justiça e a responsabilização dos culpados pelos crimes mais graves cometidos durante o regime militar. A discussão, portanto, segue aberta e promete movimentar o cenário político nos próximos meses.

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