Diálogos gravados durante o ‘tour da propina’ indicam competição entre grupos de PMs pelo ‘arrêgo’



“Tour da Propina”: Diálogos Revelam Competição Feroz entre Grupos de PMs por “Arrego” no Rio

– Diálogos gravados durante a operação “Tour da Propina”, que investiga um esquema de extorsão de comerciantes no Rio de Janeiro, revelam uma disputa acirrada entre grupos de policiais militares por áreas de atuação e por uma fatia maior do “arrego” (dinheiro proveniente de propina). As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (07/11) pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), que já havia prendido 13 policiais no início do ano.

De acordo com as investigações, os policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, na zona sul do Rio, dividiam o território com um grupo de PMs de outra unidade. Essa divisão, porém, não era pacífica: os diálogos mostram que os PMs se acusavam de “roubar” dinheiro um do outro e de praticar violência para controlar as áreas de atuação.

“Eles falam que a Rocinha estava ‘fraca’ e que iam invadir. Dizem também que não vão dividir mais a área e que ‘quem roubar o dinheiro deles vai morrer’”, afirmou um promotor responsável pelo caso. As conversas ainda revelam que os PMs discutiam o valor da propina que cada um receberia de acordo com a área que controlava. Segundo o MPRJ, havia uma disputa por pontos estratégicos como o comércio na entrada da favela, e a propina variava de R$ 50 a R$ 500 por semana, dependendo do tipo de negócio.

Além da disputa por território, os diálogos também mostram uma complexa estrutura de cobrança de propina, com um grupo de policiais atuando como “fiscais” e outros como “cobradores”. De acordo com o MPRJ, o esquema funcionava há pelo menos quatro anos, e a investigação ainda está em andamento.

A Operação “Tour da Propina” é um dos exemplos de como a corrupção e a violência se entrelaçam em comunidades carentes do Rio de Janeiro. A investigação busca desmantelar o esquema de extorsão, responsabilizar os policiais envolvidos e garantir a segurança e a justiça para os comerciantes que eram vítimas do crime.

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