Desastre, calote, desconfiança: as reações à COP de Baku
COP28 em Baku termina em meio a críticas e desconfiança: “Um calote climático”, dizem ativistas
Baku, Azerbaijão – 24 de novembro de 2024 – A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), realizada em Baku, Azerbaijão, encerrou-se neste domingo em meio a um clima de frustração e desconfiança. Ativistas e representantes de países em desenvolvimento acusaram os países ricos de “calote climático”, alegando falta de comprometimento com o financiamento de perdas e danos causados pelas mudanças climáticas. O tom da conferência foi marcado por negociações tensas e, segundo alguns participantes, um distanciamento significativo entre as promessas e as ações concretas.
Um dos principais pontos de discórdia foi o financiamento de perdas e danos. Apesar de ter sido criado um fundo para esse fim na COP27, em Sharm el-Sheikh, ainda não há clareza sobre como ele será financiado. A falta de compromissos financeiros concretos por parte dos países desenvolvidos gerou grande insatisfação, especialmente entre as nações mais vulneráveis aos impactos climáticos. A expectativa era de que a COP28 estabelecesse metas claras e um mecanismo de arrecadação eficaz, mas isso não ocorreu. A vaga promessa de aporte de US$ 4 bilhões em três anos, anunciada pelo presidente da COP28, Sultan Al Jaber, não foi suficiente para aplacar as críticas. Organizações não governamentais consideram o valor insuficiente para a dimensão do problema e questionam o seu caráter de compromisso real.
Outro ponto controverso foi a ausência de um acordo robusto para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis. Embora o documento final mencione a necessidade de “reduzir gradualmente” o uso do carvão, o texto final foi considerado insuficiente por muitos participantes, com a crítica de que a frase escolhida representa uma linguagem muito branda e ineficaz. A pressão de países produtores de petróleo e gás, incluindo o próprio Azerbaijão, foi apontada como um fator que contribuiu para a fragilidade do acordo. Apesar de alguma discussão em torno da energia renovável, faltou comprometimento concreto para acelerar a transição energética global.
A conclusão da COP28 em Baku deixa um sabor amargo para muitos. O evento foi considerado por alguns como um fracasso em atender às urgências climáticas, com a sensação de que as promessas ficaram aquém das necessidades. A desconfiança em relação aos compromissos dos países ricos e a falta de um plano concreto de ação deixam o futuro climático em uma situação incerta e preocupante, com o questionamento de se as metas do Acordo de Paris ainda são alcançáveis. A falta de ambição demonstra a necessidade urgente de uma mudança de postura por parte dos líderes globais para que a luta contra as mudanças climáticas seja tratada com a seriedade e urgência que a situação exige.