Datafolha: Confiança nos militares repete a pior marca após trama golpista
Confiança na Instituição Militar atinge pior nível histórico após denúncias de golpe, aponta Datafolha
– A confiança na instituição militar brasileira atingiu seu pior nível histórico, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira. Apenas 19% dos entrevistados disseram confiar “bastante” ou “um pouco” nas Forças Armadas, repetindo o índice mais baixo já registrado, observado em fevereiro de 2023, logo após as denúncias de um plano golpista envolvendo militares. A pesquisa, realizada nos dias 24 e 25 de julho, ouviu 2.012 pessoas em 128 municípios brasileiros, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
O resultado demonstra uma queda significativa em relação aos anos anteriores. Em 2019, 43% confiavam “bastante” ou “um pouco” nas Forças Armadas. Em 2022, a confiança já havia caído para 29%. Este declínio acentuado se intensificou após a divulgação de informações sobre a trama golpista que visava a impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A investigação, conduzida pela Polícia Federal, revelou um plano articulado para minar a legitimidade do processo eleitoral e desestabilizar o governo recém-empossado.
A pesquisa Datafolha também analisou a confiança em outras instituições. O Supremo Tribunal Federal (STF) apresentou um índice de confiança de 32%, enquanto o Congresso Nacional registrou apenas 15%. O governo federal obteve um índice de 33% de confiança, e os partidos políticos alcançaram a pior marca, com apenas 9% de confiança.
A queda na confiança nas Forças Armadas levanta preocupações sobre o papel das instituições militares na democracia brasileira. A pesquisa indica uma crescente descrença na instituição, atribuída em grande parte à associação de militares com tentativas de golpe de Estado e à sua atuação política controversa nos últimos anos. O impacto desse baixo índice de confiança pode ter consequências relevantes para o funcionamento das instituições e a estabilidade democrática do país.
A persistência da pior marca de confiança na instituição militar, mesmo após meses da tentativa frustrada de golpe, reforça a necessidade de uma reflexão profunda sobre a relação entre as Forças Armadas e a sociedade civil brasileira. A retomada da confiança demandará, provavelmente, esforços significativos em direção a uma maior transparência e compromisso inabalável com a democracia e o Estado de Direito.