Conversas, jogos, livros: crianças contam o que mudou em escola que proibiu celular há 2 anos em SP
Ribeirão Preto, 7 de dezembro de 2024 – Há dois anos, a Escola Estadual Professor João Baptista de Oliveira, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, tomou uma decisão radical: proibiu o uso de celulares durante o horário escolar. A medida, polêmica à época, gerou debates acalorados sobre a influência da tecnologia na educação. Agora, dois anos depois, a reportagem do G1 foi até a escola para ouvir os próprios alunos e avaliar o impacto da iniciativa. O resultado aponta para mudanças significativas no comportamento e no aprendizado dos estudantes.
A proibição, implementada em dezembro de 2022, foi inicialmente recebida com resistência por parte de alguns alunos, acostumados à constante conexão com os aparelhos. Mas, segundo os relatos colhidos, a adaptação foi mais rápida do que se esperava. A rotina escolar se modificou profundamente. As conversas entre os alunos voltaram a ser o foco nos intervalos, substituindo a imersão individual nas telas. A interação presencial, antes eclipsada pela tecnologia, ressurgiu com vigor, transformando os momentos de convívio em oportunidades de socialização e fortalecimento das amizades.
A leitura também ganhou um novo impulso. Com o tempo livre antes dedicado aos celulares, muitos estudantes retomaram o hábito da leitura, seja de livros didáticos, seja de obras literárias por lazer. Os jogos, antes relegados a um segundo plano, tornaram-se novamente uma opção popular de entretenimento durante os intervalos, estimulando a criatividade e o trabalho em equipe. A professora de Língua Portuguesa, Maria Aparecida Maciel, observou um aumento considerável na participação dos alunos em atividades em sala de aula.
Os depoimentos colhidos demonstram uma mudança significativa na percepção dos alunos sobre a própria aprendizagem. A concentração em sala de aula aumentou, facilitando a absorção do conteúdo e a interação com os professores. Embora não haja dados estatísticos precisos fornecidos pela escola quantificando o impacto na média de notas, a observação da professora Maria Aparecida indica uma melhora no desempenho acadêmico da maioria dos alunos. A professora ressalta, contudo, que a proibição do celular não é uma solução mágica para todos os problemas da educação.
Em resumo, a experiência da Escola Estadual Professor João Baptista de Oliveira demonstra que a restrição ao uso de celulares na escola pode, sim, contribuir para um ambiente de aprendizagem mais focado e para um retorno positivo às relações interpessoais entre os alunos. Dois anos após a implementação da medida, os relatos indicam uma adaptação bem-sucedida e um impacto positivo na dinâmica escolar, ressaltando a importância da reflexão sobre o papel da tecnologia no contexto educacional.