Consumo de alimentos ultraprocessados custa R$ 10,4 bilhões por ano à saúde e à economia no Brasil



– O consumo de alimentos ultraprocessados impõe um pesado fardo à saúde e à economia brasileira, custando cerca de R$ 104 bilhões por ano, segundo um estudo divulgado nesta sexta-feira. A pesquisa, realizada pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), quantifica pela primeira vez os custos diretos e indiretos associados ao alto consumo desses produtos no país.

O estudo detalha que esses R$ 104 bilhões representam 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A maior parte desse custo, 76%, está associada aos gastos com tratamento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como diabetes, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer, fortemente ligadas ao consumo excessivo de alimentos ultraprocessados. A pesquisa considera também custos indiretos, como perda de produtividade no trabalho devido a problemas de saúde, além dos gastos com aposentadorias precoces e pensões por invalidez.

Os pesquisadores analisaram dados de 2017-2019, utilizando uma metodologia que considera a associação entre o consumo de ultraprocessados e o risco de desenvolver DCNTs, e a relação entre essas doenças e os custos para o sistema de saúde. A metodologia, de acordo com os pesquisadores, permite uma quantificação mais precisa do impacto econômico relacionado ao consumo de alimentos ultraprocessados.

A pesquisa ressalta a necessidade urgente de políticas públicas que promovam a alimentação saudável e reduzam o consumo de ultraprocessados. Entre as sugestões, estão o fortalecimento de programas de educação nutricional, a implementação de políticas fiscais que desestimulem o consumo desses alimentos, e a regulamentação mais rigorosa da publicidade e do marketing direcionado a esses produtos. O estudo conclui que o investimento em ações preventivas, apesar do custo inicial, representaria uma significativa economia a longo prazo para o país, além de melhorar a qualidade de vida da população.

A Fiocruz e a UnB reforçam a importância de se considerar o impacto econômico do consumo de ultraprocessados na formulação de políticas públicas para saúde, visando um futuro com melhor saúde e menos ônus para a sociedade brasileira. O estudo representa um avanço no conhecimento sobre o tema e fornece dados cruciais para embasar ações efetivas de combate às DCNTs no Brasil.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *