Conflito na Síria começou na Primavera Árabe, em 2011; entenda
Síria: Uma década de conflito, da Primavera Árabe ao presente
Damasco, 8 de dezembro de 2024 – Doze anos após o início dos protestos da Primavera Árabe, a Síria ainda enfrenta as consequências devastadoras de um conflito que remodelou profundamente sua sociedade e paisagem. O que começou como uma revolta popular contra o regime de Bashar al-Assad em 2011, evoluiu para uma guerra civil complexa, envolvendo múltiplos atores nacionais e internacionais, e deixando um rastro de destruição e sofrimento humano incalculável.
Os protestos iniciais, inspirados pelos movimentos populares em outros países árabes, eclodiram em março de 2011, inicialmente focados em demandas por reformas democráticas e maior liberdade. No entanto, a resposta brutal do governo, com uso excessivo da força contra manifestantes pacíficos, rapidamente radicalizou o conflito. A repressão desenfreada levou à formação de grupos armados de oposição, alguns buscando a derrubada do regime, outros com agendas ideológicas e religiosas diversas. A guerra civil, oficialmente, começou no mesmo ano, e se tornou um cenário caótico de combates entre o exército sírio, grupos rebeldes, e organizações extremistas como o ISIS, que aproveitou o vácuo de poder para expandir sua influência na região.
O conflito atraiu a atenção e a intervenção de potências estrangeiras, com países como Rússia, Irã e Estados Unidos apoiando diferentes facções. O envolvimento internacional aprofundou ainda mais a complexidade do conflito, alimentando disputas geopolíticas e tornando difícil encontrar uma solução pacífica. Estima-se que milhões de sírios foram deslocados internamente ou fugiram do país como refugiados, criando uma crise humanitária de proporções gigantescas.
A ONU estima que, até o fim de 2023, mais de 500 mil pessoas tenham morrido em consequência da guerra civil. Os danos à infraestrutura síria são igualmente devastadores, com grande parte das cidades e infraestrutura de saúde, educação e transporte severamente afetadas. O cenário econômico está em ruínas, com a economia nacional debilitada, causando enorme sofrimento à população, que enfrenta pobreza e escassez de recursos básicos.
Apesar de anos de negociações e tentativas de mediação internacional, uma solução definitiva para o conflito sírio continua distante. A persistência do regime de Assad no poder, a presença de grupos armados e as complexas dinâmicas geopolíticas obstruem o caminho para a paz duradoura e a reconstrução do país. O futuro da Síria permanece incerto, com a população lutando para superar as cicatrizes profundas deixadas por mais de uma década de guerra.