Como um oftalmologista tímido se tornou ditador sanguinário e governou a Síria por 24 anos
De Oftalmologista Tímido a Ditador Sanguinário: 24 Anos de Terror sob o Regime de Hafez al-Assad na Síria
Damasco, 14 de dezembro de 2024 – A história de Hafez al-Assad é um estudo de caso perturbador sobre a ascensão ao poder e a consolidação de um regime ditatorial brutal. O que começou com um oftalmologista tímido e discreto, culminou em um reinado de 24 anos marcado por repressão sangrenta, violência e a construção de um Estado profundamente autoritário na Síria. Sua trajetória, desde a ascensão ao poder em 1970 até sua morte em 2000, deixou uma profunda cicatriz na história do país, moldando sua política interna e externa até os dias atuais.
Assad, inicialmente um membro do partido Baath, subiu na hierarquia política através de um golpe de Estado militar em novembro de 1970, assumindo o poder após eliminar seus rivais políticos. Esse ato brutal marcou o início de uma era de governo de ferro, onde a dissidência era severamente punida. Sua ascensão foi facilitada, em parte, pelas divisões dentro do exército sírio e pela sua habilidade de se apresentar como um líder forte e capaz de unificar o país.
Durante seu governo, Assad consolidou seu poder através de uma rede de segurança ampla e eficiente, que incluía a inteligência, o exército e o partido Baath. Esse sistema de vigilância e repressão sufocou qualquer oposição, silenciando vozes dissonantes e eliminando qualquer ameaça ao seu regime. A brutalidade do regime de Assad é inegável. Acredita-se que ele tenha ordenado o massacre de milhares de pessoas, incluindo civis, em eventos cruciais, como o massacre de Hama em 1982, onde cerca de 20 mil civis morreram, segundo alguns relatos.
A Síria, sob o comando de Assad, se tornou um Estado policial, onde os direitos humanos eram constantemente violados. A liberdade de expressão era inexistente, e qualquer forma de oposição era imediatamente reprimida com violência. A economia do país foi controlada estritamente pelo Estado, mantendo o poder nas mãos de Assad e de seus aliados. Embora tenha havido alguns avanços em infraestrutura e educação durante seu governo, os benefícios eram distribuídos de forma desigual, favorecendo principalmente a elite próxima ao regime.
No plano internacional, Hafez al-Assad construiu alianças estratégicas, muitas vezes baseadas em pragmatismo e oportunismo político. Sua relação com a União Soviética foi fundamental durante a Guerra Fria, oferecendo apoio logístico e militar ao regime sírio. Apesar de sua imagem internacionalmente negativa, Assad conseguiu manter um equilíbrio delicado no cenário geopolítico da região, utilizando a sua influência e o controle estratégico sobre seu território.
A morte de Hafez al-Assad em junho de 2000 marcou o fim de um capítulo brutal na história da Síria, porém seu legado continua a afetar o país até hoje. Seu filho, Bashar al-Assad, sucedeu-o no poder, herdando um sistema político autoritário e uma herança de violência e instabilidade. O governo de Hafez al-Assad, portanto, permanece como um exemplo aterrador do poder absoluto e de suas consequências devastadoras. A transformação de um oftalmologista tímido em um ditador sanguinário serve como um alerta para os perigos do autoritarismo e a importância de proteger os direitos humanos e a democracia.