CEO de uma das maiores produtoras de açúcar do mundo diz que acordo entre Mercosul e União Europeia vai gerar ‘concorrência desleal’
Acordo Mercosul-UE gerará concorrência desleal, alerta CEO de produtora de açúcar
– O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, aguardado há anos, pode trazer consequências negativas para o setor sucroenergético brasileiro, segundo alerta de Luiz Roberto Pogetti, CEO da Tereos, uma das maiores produtoras de açúcar do mundo. Para Pogetti, o tratado, caso seja fechado na forma atual, resultará em concorrência desleal para os produtores brasileiros.
A preocupação central reside na tarifa de importação de açúcar que entrará em vigor após a ratificação do acordo. Atualmente, a União Europeia aplica uma tarifa de 98 euros por tonelada de açúcar importada. O acordo prevê uma redução gradual dessa tarifa, que deverá chegar a zero após alguns anos. Para Pogetti, a eliminação completa da tarifa colocará os produtores brasileiros em desvantagem frente aos seus concorrentes europeus, que, segundo ele, recebem pesados subsídios governamentais. A Tereos, com atuação global e forte presença no Brasil, tem motivos para se preocupar com a viabilidade de suas operações diante dessa perspectiva.
O executivo destacou a importância da produção brasileira de açúcar, salientando a sua eficiência e a necessidade de um ambiente competitivo justo. Ele argumentou que a redução gradual da tarifa de importação, combinada com a manutenção de subsídios na Europa, criará uma distorção significativa no mercado, prejudicando a competitividade do setor sucroenergético brasileiro, que já enfrenta desafios relacionados aos custos de produção e à volatilidade dos preços internacionais.
A Tereos, presente em diversos países, incluindo o Brasil, produz não apenas açúcar, mas também etanol e outros produtos. A empresa demonstra preocupação em relação ao impacto que o acordo Mercosul-UE poderá ter em toda sua cadeia produtiva, impactando, portanto, não só os lucros da empresa, mas também o emprego e a economia de diversas regiões produtoras brasileiras.
Em resumo, a declaração de Pogetti reforça os temores de setores importantes da economia brasileira quanto ao impacto do acordo Mercosul-UE. A eventual falta de mecanismos eficazes para garantir uma concorrência justa coloca em xeque a previsível prosperidade do acordo para todas as partes envolvidas, principalmente para o setor sucroenergético brasileiro, um dos pilares da economia nacional. A discussão sobre a necessidade de ajustes no acordo para proteger os produtores brasileiros ganha ainda mais força com a manifestação de um dos principais players do setor.