Cappelli: Pecha de ‘governo gastador’ é farsa e benefícios a empresas têm de entrar em pauta



Cappelli critica gestão econômica do governo e defende renúncias como pauta de discussão

– O economista e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, voltou a criticar duramente a gestão econômica do governo, classificando-a como uma “farsa”. Em entrevista à CartaCapital, publicada nesta terça-feira, Almeida apontou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como responsável por uma narrativa que considera falaciosa sobre a situação das contas públicas. A declaração surge em meio a um debate acalorado sobre a necessidade de ajustes fiscais e a busca por alternativas para conter o crescimento da dívida pública.

Almeida questiona a narrativa do governo de que estaria “recompondo” o orçamento. Para ele, a situação é bem mais complexa e demanda medidas mais contundentes. O ex-secretário destaca que o governo não está apenas gastando mais do que arrecada, mas também está reduzindo a arrecadação e aumentando gastos, principalmente, em áreas que não contribuem para o crescimento econômico. Ele afirma que a desoneração da folha de pagamento, por exemplo, implica em perdas de receita significativas que impactam o resultado fiscal. Além disso, Almeida cita o aumento de gastos com subsídios, sem que haja uma contrapartida em termos de geração de empregos ou aumento da produtividade.

A entrevista de Almeida à CartaCapital também aborda a necessidade de se discutir renúncias de receitas. Segundo o economista, o tema é fundamental para encontrar soluções sustentáveis para as contas públicas. Ele argumenta que é preciso analisar a eficiência das renúncias e avaliar se os benefícios gerados compensam a perda de arrecadação. A falta de debate sobre essa questão, segundo ele, contribui para a perpetuidade da crise fiscal brasileira. A proposta de Almeida vai na contramão da postura do governo, que se mostra resistente a cortes de gastos ou a qualquer medida que possa afetar o crescimento econômico a curto prazo.

Para Almeida, o cenário atual requer decisões difíceis. Ele afirma que o governo precisa ser mais transparente e apresentar uma avaliação realista da situação fiscal, reconhecendo a necessidade de ajustes. O ex-secretário argumenta que apenas com medidas firmes e transparentes será possível construir uma trajetória de crescimento econômico sustentável a longo prazo. A falta de consenso e a resistência a medidas impopulares, segundo ele, contribuem para a instabilidade econômica e prejudicam a credibilidade do governo perante os investidores e a população em geral.

Em conclusão, a entrevista de Mansueto Almeida à CartaCapital reforça a polarização no debate econômico brasileiro. As declarações contundentes sobre a “farsa” do governo e a necessidade de discutir cortes de gastos e renúncias de receitas apontam para uma crise fiscal mais profunda do que a admitida oficialmente. A divergência entre a visão do ex-secretário e a do atual governo sugere que a busca por um caminho sustentável para as finanças públicas brasileiras ainda está longe de encontrar um consenso.

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