Brincadeira de João Gordo em ‘Brutal brega’ perde a graça quando sequência do álbum de 2022 aciona ‘modo MPB’



A Queda de Graça do “Brutal Brega”: João Gordo e a Transição Inesperada para a MPB

Publicado em 23 de novembro de 2024

A irreverência e o humor ácido de João Gordo, conhecido líder da banda Ratos de Porão, sempre foram marcas registradas de sua trajetória musical. No entanto, a sequência de lançamento de seu álbum solo de 2022, intitulado “Brutal Brega”, revela uma mudança de tom que, para muitos, compromete a graça inicial do projeto. A brincadeira proposta no álbum, uma incursão no brega com pitadas de sarcasmo, parece perder o fôlego quando a sequência de faixas se inclina para um estilo musical inesperado: a Música Popular Brasileira (MPB).

O “Brutal Brega”, lançado inicialmente em 2022, visava a uma sátira bem-humorada do gênero musical. A proposta era clara: aproveitar a estética e os clichês do brega para criar um trabalho irônico e divertido. A recepção inicial foi positiva, com muitos elogiando a ousadia e o talento de João Gordo em se aventurar por um território tão diferente de seu trabalho com os Ratos de Porão.

Entretanto, a sequência do álbum, que aparentemente amplia o projeto inicial, desagrada parte da crítica e do público. A transição para a MPB, um gênero mais introspectivo e menos propício ao tom sarcástico que caracterizava as primeiras faixas, é vista como um desvio de rota inesperado. A crítica aponta que, ao se afastar da irreverência inicial, o álbum perde a coesão e o impacto da proposta original. A brincadeira, antes audaciosa e cativante, torna-se diluída e pouco impactante.

A sensação geral é a de uma quebra de expectativa. Enquanto o “Brutal Brega” original se destacava por sua energia e por um humor que dialogava com a estética brega, a sequência apresenta um som mais contido e reflexivo, características pouco presentes no trabalho anterior. A mudança de estilo, segundo alguns, não se integra organicamente ao projeto, resultando em um produto final menos consistente e menos divertido do que se esperava.

A recepção mista a esse segundo lançamento demonstra o desafio que existe em manter a coesão e o foco em projetos artísticos, principalmente quando se trata de misturar gêneros e abordar diferentes tonalidades estéticas. O caso de João Gordo serve como um exemplo interessante da complexidade de se equilibrar a inovação com a fidelidade à proposta inicial, especialmente quando a essência do projeto reside no humor e na provocação. O resultado final, embora não seja um fracasso total, mostra que a fórmula da irreverência nem sempre se traduz em sucesso quando submetida a grandes mudanças de direção.

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